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sábado, 12/07/2025

Taxa alta de Trump: saiba o impacto econômico no Brasil da tarifa de 50%

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Em Brasília

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que as exportações de produtos do Brasil para os EUA passarão a ser taxadas em 50%. A decisão foi comunicada em uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e coloca o Brasil como o país com a tarifa mais alta aplicada pelos EUA, entre as 22 anunciadas por Trump.

O professor de economia internacional do Hayek Global College, Maurício F. Bento, destaca que a tarifa de 50% imposta sobre as exportações brasileiras representa um grande desafio à economia do país, considerando que os EUA são um dos principais destinos das exportações brasileiras, atrás apenas de China e União Europeia.

Contexto e ameaças

Desde o início de seu mandato, Trump tem usado tarifas comerciais para pressionar diversos países, com atenção especial ao grupo Brics e ao Brasil. Ele chegou a ameaçar tarifas de até 100% para países-membros do bloco que não atendam aos interesses comerciais dos EUA. Em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Trump ameaçou aumentar as taxas sobre produtos brasileiros, alegando que o Brasil não estaria sendo justo com os EUA.

A tarifa de 50% valerá a partir de 1º de agosto e será cobrada além das tarifas setoriais já vigentes, como as sobre aço e alumínio. Em abril de 2024, uma tarifa inicial de 10% já havia sido aplicada ao Brasil.

Efeitos para o Brasil

De acordo com o professor Maurício F. Bento, os impactos esperados na economia brasileira incluem:

  • Redução significativa das exportações e impacto negativo na balança comercial;
  • Desestímulo aos investimentos nos setores exportadores;
  • Aumento do desemprego nas cadeias produtivas voltadas ao mercado americano;
  • Maior instabilidade cambial, com pressão sobre o real e elevação dos custos de importação.

Além disso, a medida tem também um componente político, interpretada como uma tentativa de pressionar o governo brasileiro durante a reunião do Brics no Rio de Janeiro.

Setores mais afetados

Segundo Maurício, os setores com maior exposição ao mercado americano, como agronegócio e indústria, serão os mais afetados. No agronegócio, destacam-se:

  • Café, tendo os EUA como principal destino;
  • Carne bovina, com os EUA como segundo maior mercado;
  • Suco de laranja, quase metade das exportações são para os EUA.

Na indústria, os setores impactados incluem:

  • Aeronaves, especialmente a Embraer, fortemente dependente dos EUA;
  • Autopeças e máquinas, que podem perder competitividade devido às tarifas;
  • Petróleo e derivados, liderando as exportações com grande volume.

Implicações jurídicas e comerciais

O advogado especialista em comércio exterior, Larry Carvalho, ressalta que a Embraer e outros setores de alta tecnologia podem sofrer impactos significativos. Ele alerta ainda para a necessidade de contratos robustos para lidar com as incertezas geradas pelas medidas protecionistas, usando cláusulas que permitam renegociar preços, prazos ou condições logísticas diante de mudanças externas como tarifas ou aumentos de frete.

Respostas e estratégias do Brasil

O governo brasileiro tem sinalizado a intenção de responder utilizando a Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada pelo presidente Lula em abril. Essa legislação abre caminho para uma resposta institucional que pode incluir:

  • Aplicação de tarifas sobre produtos dos EUA, como medicamentos, filmes e bens industriais;
  • Suspensão de acordos comerciais;
  • Revisão de patentes e direitos de propriedade intelectual;
  • Busca por novos mercados e acordos bilaterais para diminuir a dependência dos EUA.

Maurício F. Bento observa que Trump frequentemente adota a tática de impor medidas e depois negociar, o que indica que o Brasil pode reagir de forma equilibrada para buscar ganhos em uma eventual negociação.

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