Bruno Ribeiro e Marianna Holanda
São Paulo, SP (FolhaPress)
Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), dois nomes importantes para a disputa presidencial do próximo ano, mostraram cautela diante da recente crise de segurança pública no Rio de Janeiro.
Enquanto isso, outros candidatos do mesmo grupo político, como Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, rapidamente demonstraram apoio às ações do governador Cláudio Castro (PL).
Tarcísio expressou solidariedade ao governador do Rio pela operação que resultou em 121 mortes no Complexo da Penha, mas apenas fez isso publicamente no final da noite de quarta-feira (29). Já Ratinho Jr. conversou reservadamente com Castro, mas não se manifestou em redes sociais.
Ratinho Jr., que já anunciou sua candidatura presidencial, é visto como uma opção relevante caso Tarcísio não dispute. O governador de São Paulo busca a reeleição em 2026, embora seus aliados aguardem uma sinalização clara de Bolsonaro para sua candidatura presidencial.
Governadores de direita veem na crise uma chance de se diferenciar de Lula e se afastar da pauta da anistia a Jair Bolsonaro (PL).
Durante a quarta-feira, foi monitorado o apoio da população nas redes sociais em favor do tema.
Na quinta-feira à tarde, governadores de direita se reuniram no Palácio de Laranjeiras para discutir segurança pública, em encontro articulado por Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina. Ratinho Jr. inicialmente não compareceu ao encontro presencial devido a um compromisso na Bolsa de Valores, apesar de ter mudado de ideia posteriormente.
Tarcísio participou de uma reunião virtual e posteriormente de uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, optando por não estar presencialmente no encontro no Rio.
Relatos indicam que Tarcísio recebeu diferentes orientações sobre seu posicionamento, optando por publicar uma nota pública detalhada, na qual cita o teórico militar Carl von Clausewitz ao falar sobre tomada de territórios e presta solidariedade às famílias das vítimas e aos policiais.
O governador tem enfrentado críticas por ações policiais em São Paulo, principalmente após a Operação Escudo, que deixou 28 mortos, e por sua postura em relação a queixas de abusos apresentados à Organização das Nações Unidas.
Na terça-feira (29), participou de reunião virtual com outros governadores de oposição sobre a crise no Rio, enquanto Ratinho Jr. estava em evento externo e não participou. Mais tarde, ele enviou ajuda ao governo fluminense e participou da reunião presencial na quinta.
A equipe de Ratinho Jr. trabalha para construir uma imagem de moderação, diferenciando-se de Tarcísio, que recentemente teve desentendimentos com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Os posicionamentos de Ratinho Jr. e Tarcísio contrastam com os de Romeu Zema e Ronaldo Caiado, que adotam uma postura mais direta e se posicionam à direita.
Romeu Zema defendeu a prisão em massa e criticou o ex-presidente Lula, enquanto Ronaldo Caiado apoiou a operação de Castro, ressaltando o resgate da ordem democrática e criticando o governo Lula por ser complacente com o crime.
O encontro reuniu governadores conservadores dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná.
Para um governador de centro ouvido pela reportagem, o encontro tem forte influência política, e Ratinho Jr. e Tarcísio preferem não se envolver diretamente em uma polêmica.
Aliados tanto de Lula quanto de Castro criticaram a politização da operação no Rio, que gerou trocas de acusações no primeiro dia de crise.
Cláudio Castro reclamou da falta de apoio da União, sem fazer pedido formal, mas recuou, e anunciou a criação de um gabinete misto com representantes dos governos federal e estadual para trabalhar em conjunto.

