Uma análise do sigilo telefônico do Coronel Fábio Augusto Vieira indicou que Anderson Torres não fez nenhuma ligação para o ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) para tentar conter os eventos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro.
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal buscou a quebra de sigilo da linha de Fábio Augusto para comprovar que havia estabelecido contato com o oficial, com objetivo de conter a multidão que saiu do Quartel General do Exército rumo à Esplanada dos Ministérios em um movimento golpista.
Entretanto, informações fornecidas pela operadora Claro ao Supremo Tribunal Federal (STF) mostraram que não há registros de chamadas ou mensagens enviadas ou recebidas no aparelho do coronel naquele dia.
Esses dados estão relacionados à ação penal nº 2.668, que investiga uma possível conspiração para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022, e foram encaminhados à Polícia Judiciária em 24 de junho.
Depoimento de Anderson Torres
No interrogatório feito em 10 de junho no STF, Anderson Torres relatou ter se sentido “desesperado” diante dos acontecimentos do 8 de janeiro e mencionou uma falha grave na execução do planejamento de segurança para o fim de semana.
Ele ressaltou que a responsabilidade principal pela segurança da Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes naquele dia era da PMDF.
Segundo Torres, houve um sério descumprimento do protocolo de ações integrado, que ele classificou como exigente, o qual impacta significativamente a rotina dos habitantes de Brasília.
Torres acrescentou que, ao tomar conhecimento dos eventos enquanto estava nos Estados Unidos, tentou contactar diversas autoridades, incluindo o então comandante-geral da PMDF, Coronel Fábio Augusto, presente na Esplanada naquele momento.
“Fiquei muito preocupado e tentei falar com todos. O protocolo falhou gravemente na sua execução”, afirmou o ex-secretário.
Detalhes do protocolo
Ao ser questionado sobre quem deveria assinar o protocolo de segurança, Torres explicou que o documento teve a adesão de vários órgãos, inclusive do Supremo Tribunal Federal para autorizar a instalação de barreiras.
Ele destacou que a parte central do protocolo era responsabilidade da PMDF, que possui expertise na área e a maior parte das ações previstas cabia a essa corporação.
Integrantes da alta cúpula da PMDF são réus em um processo judicial em andamento na Corte, que deve ser decidido virtualmente em plenário.