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quinta-feira, 19/06/2025




Selic sobe para 15% e preocupa governo

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Alvo de fortes reações políticas, a taxa básica de juros do país, conhecida como Selic, alcançou 15% ao ano após decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) na quarta-feira (18/6). Esse é o maior índice desde julho de 2006.

O Copom aumentou a taxa de 14,75% para 15% ao ano, marcando a sétima alta consecutiva. O ciclo de aperto monetário começou em setembro de 2024, com o comitê interrompendo o ciclo de cortes e elevando a Selic de 10,50% para 10,75% ao ano.

Entendendo a taxa Selic

A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação. Ao elevar os juros, espera-se reduzir o consumo e os investimentos, tornando o crédito mais caro e desacelerando a economia, o que contribui para a queda nos preços. A inflação dos alimentos tem sido um problema chave para o presidente Lula (PT).

O mercado prevê que a taxa de juros dificilmente ficará abaixo de dois dígitos durante o governo Lula e o mandato do presidente do BC, Gabriel Galípolo. A próxima reunião do Copom será em 29 e 30 de julho.

Reações políticas

Apesar das críticas anteriores à Selic, o presidente Lula se manifestou de forma mais branda recentemente, ressaltando que o aumento já era esperado. Segundo ele, a inflação está controlada e os preços dos alimentos começaram a cair, o que justifica a expectativa de redução dos juros em breve.

No entanto, a nova alta de juros deixou o governo frustrado. Parlamentares do PT manifestaram críticas duras. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), chamou a taxa de 15% de “indecente” e disse que essa elevação prejudica os investimentos produtivos. Ele ressaltou que o aumento faz com que “quem vive de juros ganha, quem trabalha perde” e criticou o crescimento da dívida pública, atribuída principalmente aos juros.

Outro parlamentar, o presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Rogério Correia (PT-MG), destacou que cada ponto percentual da Selic custa R$ 38 bilhões aos cofres públicos, dinheiro que vai para o sistema financeiro e pagamento de juros da dívida.

Posição do Banco Central

O Copom indicou que deverá interromper o ciclo de altas, porém a Selic permanecerá em nível elevado por um período prolongado. As expectativas de inflação para 2025 e 2026 continuam acima da meta, o que justifica a política monetária contracionista para garantir a convergência da inflação à meta.

Perspectivas econômicas

O economista Enrico Gazola, do Insper, explicou que sem uma política fiscal robusta, a alta dos juros continuará sendo usada como principal ferramenta para controlar a inflação, ainda que isso sacrifique o crescimento econômico. Ele ressalta que o Executivo e o Congresso devem atuar para dar confiança ao mercado e justificar os esforços feitos.

A economista e professora da Fundação Getúlio Vargas, Carla Beni, observou que a taxa real de juros está significativamente mais alta que antes da pandemia, o que mostra uma mudança na política do Banco Central. Segundo ela, embora um aumento de 0,25 ponto percentual possa ter efeito limitado devido ao nível já elevado dos juros, isso sinaliza que a tendência de alta da taxa pode estar chegando ao fim, com possibilidade de manutenção dos 15% na próxima reunião, conhecida como “viés neutro”.




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