Com uma vitória por 3 a 0 sobre o Chievo na noite do último sábado, Seedorf voltou a sorrir no banco de reservas do Milan. O holandês deu uma resposta positiva às críticas e superou o suposto período de teste com duas vitórias (Chievo e Fiorentina) e um empate em Roma com o Lazio. Para alcançar os resultados, o treinador deu o braço a torcer e fez algumas alterações no esquema tático inicial, algo que, por ora, funcionou.
O holandês deverá permanecer, pelo menos, até ao fim da temporada, mas a imprensa italiana insiste que a intenção do clube seria contratar um novo técnico. Com o futuro ainda incerto no Rossonero, surgiram especulações sobre um possível retorno ao Botafogo – agora como treinador. Ele nega.
– Não, não é verdade. Eu estou bem aqui. Acompanho o Botafogo sempre, mas acreditem: estou muito mais tranquilo do que vocês imaginam. Tudo o que saiu na imprensa é uma preocupação dos outros. A minha preocupação é trabalhar com o meu grupo, transmitir tranquilidade, força e coragem ao time. Temos demonstrando em campo que o grupo está bem focado – disse.
Sob pressão de resultados, o time de Seedorf se tornou mais agressivo, menos espetacular e mais concreto. Ele chegou de repente ao Milan e recebeu críticas por ter alterado radicalmente o esquema tático do time. No início, a equipe ainda teve boas exibições, mas perdeu equilíbrio, consistência defensiva e caiu rapidamente de produção.
Agora, o Milan mantém um caráter ofensivo, mas mais consistente, no 4-3-3. O japonês Honda aparece mais pelo centro do campo, sua posição natural. Taarabt e Kaká jogam pelas alas, mais próximos a Balotelli. Esta parece ser a fórmula mais indicada para o elenco do Milan e foi a utilizada por Seedorf nos últimos dois jogos – Fiorentina e Chievo.
Além das mudanças táticas, o Milan apareceu em campo muito mais agressivo contra a Viola, cometendo 29 faltas. Diante do Chievo, que esteve sempre em desvantagem, os homens de Seedorf fizeram 16 faltas. Nos dois encontros, o número de faltas cometidas pelos rossoneri foram superiores à media do time esta temporada – que é de 14. Seedorf, porém, ressalta que a prioridade sempre foram os resultados.
– Eu sempre procurei resultados, no começo também conseguimos resultados, claro que com o tempo vamos encontrando mais equilíbrio para esses tipos de jogadores. Quando cheguei aqui, eu quis sobretudo mudar a mentalidade. Pedi algumas coisas ao atletas e consegui abrir caminho para construir algo de novo – contou.
“Construir algo de novo”. É precisamente esse o ponto da discórdia. Dirigentes, ex-jogadores e torcedores preferiam que Seedorf tivesse chegado com mais tranquilidade ao Milan e deixasse as novas ideias para a próxima temporada. O holandês, no entanto, insistiu em impor o seu estilo desde o começo, e a imprensa não perdoou. As criticas aos métodos se reproduzem diariamente e nem as duas vitórias consecutivas prometem dar trégua ao ex-jogador do Botafogo.
– Eu confio na inteligência das pessoas que leem os jornais e sabem distinguir o que é injusto ou não – respondeu Seedorf.