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domingo, 22/06/2025




Rodoviária cobrará taxa por parada de ônibus

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Carliane Gomesredacao@grupojbr.com

A Concessionária Catedral, que administra a Rodoviária do Plano Piloto desde o dia 1º de junho, comunicou que passará a cobrar uma tarifa de “acostagem” das empresas de ônibus que utilizam o terminal. Essa taxa é cobrada a cada vez que um ônibus para na plataforma para embarque ou desembarque de passageiros. A empresa afirma que a cobrança está prevista no contrato firmado com o Governo do Distrito Federal (GDF) após um processo público transparente. “A iniciativa segue normas legais e técnicas definidas junto aos órgãos competentes”, declarou a concessionária.

Embora o valor da tarifa não tenha sido revelado, a empresa destacou que, desde o início de sua gestão, atua com total transparência e mantém diálogo constante com todos os setores envolvidos. A cobrança tem provocado críticas de representantes do setor de transporte, que apontam diferenças nos valores cobrados entre empresas que operam no DF e as que vêm da região do Entorno. Parte da receita gerada será destinada à modernização do terminal, que inclui a requalificação das áreas comuns, reorganização da estrutura interna e construção de uma nova estação para o BRT.

Discussões sobre tarifa unificada

A Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob) informou que, no dia 12 de junho, realizou reunião com representantes da Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Anatrip), Secretarias do Entorno do DF e de Goiás, para tratar da tarifa de acostagem. A Semob orientou que a taxa para as empresas do Entorno seja reduzida para o mesmo valor cobrado no sistema do DF: R$5,50, proposta que foi aceita e prevista para começar a valer em outubro. Para as empresas do sistema DF, não haverá alteração na tarifa, que seguirá conforme o contrato de concessão.

A Semob também reforçou que a alteração não impactará o valor das passagens dos usuários do DF. Ainda destacou o empenho do GDF e do Governo de Goiás em criar um consórcio interfederativo para gerir conjuntamente o transporte semiurbano entre DF e Entorno, visando também à participação do Governo Federal e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O secretário de Transporte, Zeno Gonçalves, reforçou que há vontade política das autoridades para concretizar essa iniciativa em até 60 dias.

Críticas da Anatrip

A Anatrip expressou preocupações sobre a cobrança da tarifa de acostagem, apontando que a medida foi imposta sem fonte de custeio definida e ignora a necessidade de subsídios para um sistema já no limite. A entidade disse que o cálculo da tarifa não seguiu uma metodologia justa e que isso pode causar aumento nas passagens, prejudicando o consumidor.

A associação também criticou a forma de cobrança, citando emissão antecipada de boletos por paradas não realizadas e sistema eletrônico de controle ainda não plenamente operacional, resultando em falta de transparência e desequilíbrio regulatório. Ressaltou que em outros estados essa taxa não é repassada diretamente às operadoras, indicando o caráter incomum da medida no DF.

A possiblidade de unificação da tarifa é discutida, mas a Anatrip alerta que os custos podem acabar recaindo sobre os passageiros, o que contraria a lógica de um transporte público acessível e sustentável. A entidade está aberta ao diálogo, mas rejeita cobranças que comprometam o direito à mobilidade dos trabalhadores do Entorno.

Impacto para passageiros

Usuários da rodoviária já demonstram preocupação com o possível repasse da taxa para o preço das passagens. Edivan Filho, morador do Entorno, considera a cobrança injusta e teme que as tarifas aumentem, já que as empresas não devem arcar com o custo.

Ana Paula Gomes, estudante de nutrição e também moradora do Entorno, critica a taxa e reconhece que isso pode pesar no bolso dos passageiros, que já enfrentam ônibus superlotados e longos deslocamentos diários. Ela destaca que a rodoviária existe justamente para receber os ônibus, não para ser cobrada por isso. Para Ana Paula, a medida desanima quem depende do transporte para estudar e trabalhar.




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