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segunda-feira, 23/06/2025




Risco de contaminação nuclear após ataques no Irã

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Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou ter atacado três grandes instalações nucleares do Irã na noite de sábado, 21 de junho, hora de Washington. As instalações atingidas foram Isfahan, Natanz e o complexo subterrâneo de Fordow, que é protegido com bombas especiais capazes de penetrar até 61 metros de profundidade.

Fordow é estratégico pois é projetado para produzir urânio de alta pureza, essencial para fins militares. Em 2023, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão fiscalizador da ONU, encontrou urânio enriquecido a 83,7% de pureza em Fordow, perto dos 90% para armas nucleares.

Os danos exatos dos ataques ainda não são completamente conhecidos.

Fiscalização da ONU e situação das instalações

A AIEA monitora os locais afetados e confirmou que danos ocorreram em Natanz, Isfahan, Karaj e Teerã. Em Arak, um reator de pesquisa ainda em construção foi danificado, mas sem material nuclear presente, portanto sem risco radiológico.

Sobre Isfahan, Natanz e Fordow, a AIEA informou que não detectou aumento nos níveis de radiação. Rafael Grossi, diretor da AIEA, afirmou não esperar consequências para a saúde ou meio ambiente fora das áreas atingidas.

Especialistas apontam baixo risco de contaminação

Especialistas indicam que o risco de contaminação é baixo, pois não há reações nucleares ativas nas instalações atacadas. O urânio enriquecido em Fordow está em forma gasosa, o que impede reações nucleares descontroladas.

Nas unidades de enriquecimento, o principal risco está relacionado ao hexafluoreto de urânio (UF6), que é tóxico, mas pouco radioativo e com baixa dispersão. James Acton, codiretor do Programa de Política Nuclear da Carnegie Endowment, considera improvável que os ataques causem danos significativos além das instalações.

Preocupação com o reator de Bushehr

A maior preocupação é com o reator nuclear em Bushehr, único em operação no país, que utiliza combustível russo. O temor aumentou após um anúncio inicial de ataque israelense à usina, que depois foi corrigido.

Especialistas alertam que danos a reatores em operação podem causar liberação de elementos radioativos, gerando uma catástrofe radiológica. Outro reator de pesquisa em Teerã também representa risco comparável a acidentes como Fukushima ou Tchernobil, segundo o jornalista Geoff Brumfiel.

O reator nuclear israelense em Dimona também é um ponto sensível para eventuais represálias do Irã, podendo gerar uma crise regional grave.

Impacto para países do Golfo

Países do Golfo temem que ataques a Bushehr contaminem o mar e comprometam o fornecimento de água dessalinizada, essencial para a população local. Nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita, a dessalinização abastece grande parte da água potável. No Bahrein e no Catar, a dependência é total.

O Conselho de Cooperação do Golfo está em alerta, mas ainda não detectou ameaças significativas. Nidal Hilal, diretor do Centro de Pesquisa em Água da New York University em Abu Dhabi, destaca que a dessalinização é vulnerável a ameaças regionais, como desastres naturais, vazamentos de óleo e contaminação nuclear.

O risco de contaminação nuclear direitamente provocada por esses ataques é considerado limitado, mas a situação segue sendo acompanhada de perto pelas autoridades e especialistas internacionais.




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