O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, desembarcou em Moscou nesta sexta-feira (28/11) para um encontro com o presidente russo Vladimir Putin. O foco principal da visita é discutir a segurança no fornecimento de energia e os impactos da guerra na Ucrânia para a região.
A chegada da delegação húngara à capital russa foi anunciada anteriormente pelo chanceler húngaro Peter Szijjarto. Esta visita acontece em um momento delicado, com negociações para um acordo de paz ucraniano em andamento e tensões entre a Hungria e a União Europeia.
Antes de viajar, em Budapeste, Orbán destacou que a prioridade da conversa é garantir o fornecimento de gás e petróleo russos para o inverno e o próximo ano a preços acessíveis. Segundo ele, é inevitável abordar o conflito na Ucrânia durante as conversas.
“A Ucrânia é uma vizinha da Hungria, por isso sentimos fortemente os efeitos da guerra, inclusive no aspecto econômico, já que a cooperação entre os países é prejudicada pelo conflito”, afirmou o premiê.
Diálogo em meio às negociações de paz
A reunião acontece no contexto das discussões sobre um possível plano de paz para a Ucrânia.
Putin declarou que não aceitará um cessar-fogo sem condições, pois isso permitiria que a Ucrânia e seus aliados se reorganizassem. Segundo ele, as hostilidades devem continuar até que as forças ucranianas deixem os territórios ocupados; caso contrário, a Rússia manterá as operações militares.
Os Estados Unidos enviaram uma lista de temas para debate, mas sem um texto formal para a negociação. Uma delegação norte-americana deve visitar Moscou na próxima semana para avançar nas conversas, coordenada por Donald Trump.
Pela Rússia, participam autoridades do Ministério das Relações Exteriores e assessores próximos ao Kremlin, incluindo Vladimir Medinsky e Yury Ushakov.
Segundo o Kremlin, Putin elogiou a postura equilibrada da Hungria diante da guerra e reconheceu que, apesar da queda de 23% no comércio bilateral em 2024 devido a restrições externas, as relações comerciais começam a se recuperar. O presidente russo destacou que a energia é um pilar fundamental da cooperação entre os dois países e comemorou a disposição de Orbán em manter o diálogo aberto.
Orbán, por sua vez, reforçou que a política externa da Hungria é soberana e que o país não cede à pressão para romper suas relações estratégicas com a Rússia. Destacou que a estabilidade no fornecimento de energia russa é a base da segurança energética húngara e reafirmou o interesse da Hungria em buscar a paz, oferecendo sua nação para sediar futuras negociações sobre a Ucrânia.
Putin também agradeceu a disposição húngara para organizar um possível encontro entre ele e o presidente dos EUA, Donald Trump, caso os esforços de paz avancem.
A visita ocorre semanas após a Hungria anunciar que não enviará sua contribuição de € 1,5 milhão ao Mecanismo Europeu de Paz para apoiar a Ucrânia, direcionando esses recursos, em vez disso, para as Forças Armadas do Líbano, ressaltando que sua prioridade é a estabilidade no Oriente Médio.