O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que qualquer cessar-fogo na Ucrânia está condicionado à retirada das tropas ucranianas das regiões que Moscou reivindica. Essa declaração foi feita em uma entrevista coletiva em Bishkek, no Quirguistão, durante uma cúpula da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC).
Putin voltou a dizer que não aceitará um cessar-fogo sem condições, argumentando que isso permitiria à Ucrânia e seus aliados ocidentais ganhar tempo para reestruturar suas forças militares. Ele declarou que as tropas ucranianas devem sair das áreas atualmente controladas; caso contrário, a Rússia buscará resolver a situação por meio militar.
Apesar das negociações internacionais em curso, o líder russo ressaltou que ainda não há um esboço de acordo de paz para o conflito. Segundo ele, os Estados Unidos apresentaram apenas uma lista de temas para debate, não um documento formal.
Putin mencionou que espera o fim do conflito na Ucrânia, preferencialmente o quanto antes, desde que os objetivos da operação militar especial sejam alcançados. Disse também que os Estados Unidos consideraram a posição russa em alguns pontos, mas que os aspectos essenciais ainda demandam negociações complexas.
O Kremlin confirmou que uma delegação dos EUA visitará Moscou na próxima semana, embora os nomes dos representantes não tenham sido divulgados oficialmente, cabendo essa atribuição ao presidente Donald Trump. A equipe russa incluirá diplomatas do Ministério das Relações Exteriores e assessores próximos a Putin, como Vladimir Medinsky e Yury Ushakov, os principais negociadores no diálogo atual.
Propostas divergentes para a paz
As negociações entre Rússia, Estados Unidos e Ucrânia têm revelado diferenças notáveis entre as propostas em debate. A proposta americana reconhece o controle russo sobre a Crimeia, Donetsk e Lugansk, mantendo as posições atuais em Kherson e Zaporíjia e exige que a Ucrânia abandone o plano de ingressar na Otan. Putin considerou essa proposta uma possível base, mas afirmou que ainda não recebeu a versão final após as reuniões em Genebra.
Já a proposta europeia não reconhece a soberania russa sobre territórios ocupados nem impõe restrições permanentes à entrada da Ucrânia na Otan. Kiev insiste em não fazer concessões territoriais, e as potências europeias buscam manter uma postura unificada contra acordos que validem ocupações.
Posição russa sobre o cessar-fogo
O líder russo reafirmou que a Rússia cessaria imediatamente as hostilidades se a Ucrânia retirasse suas tropas de todas as áreas das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia que Moscou considera parte de seu território, áreas anexadas em 2022 por meio de referendos não reconhecidos pela ONU e pelo Ocidente.
Segundo Moscou, algumas dessas regiões já foram liberadas, especialmente partes estratégicas de Lugansk, Donetsk e Zaporíjia. Além disso, Putin enfatizou a disposição para negociar, mas ressaltou que não aceitará um cessar-fogo que suspenda as operações russas sem assegurar os objetivos estratégicos russos. Assim, o progresso militar no terreno permanece como critério crucial para qualquer acordo.
