Atividade registrou queda de 0,7% no ano passado e opera em patamar próximo ao de janeiro de 2009
A indústria brasileira fechou 2022 no vermelho. O setor registrou queda de 0,7% no ano passado e segue operando em patamar de 13 anos atrás — semelhante ao de janeiro de 2009. É o que revelam os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE.
Setor está 2,2% abaixo do pré-pandemia. Atividade está quase 20% abaixo do ponto mais alto da série, registrado em maio de 2022. Em dezembro, variação foi nula (0%) após ligeira queda de -0,1% em novembro e leve alta de 0,3% em outubro.
O que diz o IBGE
A queda do setor industrial no ano passado foi precedida de uma alta de 3,9% em 2021. O IBGE faz a ressalva, porém, de que apesar de o número parecer positivo, boa parte dessa alta em 2021 teve relação direta com o tombo de 4,9% observado em 2020, ocasionada por conta do início da pandemia. Até hoje a indústria não superou as perdas. Antes mesmo da pandemia, o setor já não vinha bem: em 2019, a produção caiu 1,1%.
A retração de 3,2% da indústria extrativa em 2022, puxada pelo minério de ferro, foi a que mais pressionou o resultado do setor como um todo.
Também se destacaram segmentos como produtos de metal, metalurgia, máquinas, aparelhos e materiais elétricos e produtos de borracha e de material plástico.
Por outro lado, entre a minoria das atividades que apresentaram expansão na produção, o segmento de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis exerceu a maior influência positiva no ano passado.
“Trata-se de um setor que manteve comportamento positivo ao longo de 2022, impulsionado, principalmente, por produtos com maior ligação com a mobilidade. Mas cabe lembrar também que é um setor que havia recuado 0,7% em 2021, ou seja, partiu de uma base menor de comparação”, finaliza.
Juros e inflação pesam sobre a atividade
Entre os principais fatores que explicam a retração em 2022 estão: a taxa de juro, que afeta diretamente os custos de crédito, e a inflação — principalmente dos alimentos, que impacta a renda das famílias e, por consequência, no consumo.
“Também há influência do aumento nas taxas de inadimplência e de endividamento. E o mercado de trabalho, que embora tenha mostrado clara recuperação ao longo do ano, ainda se caracteriza pela precarização dos postos de trabalhos gerados”, explica André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
O setor industrial chegou a responder de forma positiva em 2022 diante das medidas de incremento da renda realizada pelo governo, como a antecipação do 13º para aposentados e pensionistas, liberação do FGTS, adoção de medidas de estímulo ao crédito, Auxílio-Brasil e auxílio concedido aos caminhoneiros. Mas essa resposta perdeu fôlego ao longo do segundo semestre.