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domingo, 22/06/2025




Por que a relação entre EUA e Irã sempre foi difícil até explodir

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MANOELLA SMITH
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A convivência entre os Estados Unidos e o Irã sempre foi marcada por desconfiança e conflito, com momentos tensos como prisões de reféns e sanções rigorosas, até culminar, no último sábado (21), em um ataque liderado pelo governo de Donald Trump.

Apesar disso, as duas nações tiveram períodos de aproximação diplomática, chegando a ser aliadas após a Segunda Guerra Mundial. A relação deteriorou-se radicalmente com a criação da República Islâmica em 1979, quando houve queimadas de bandeiras americanas e uma tomada de reféns humilhante na embaixada dos EUA em Teerã.

Pelo ocorrido, Washington cortou oficialmente suas relações com o Irã em 1980 e impôs sanções severas ao regime iraniano.

A origem da crise atual está no programa nuclear iraniano. O Irã acelerou o enriquecimento de urânio, levantando alertas de que poderia fabricar até seis bombas nucleares rapidamente. Trump declarou que não toleraria um Irã armado nuclearmente e exigiu o fim completo do programa.

O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, recusou as exigências. O dilema e um relatório da ONU apontando violações de Irã a compromissos de transparência impulsionaram ações de Israel, que atacou instalações nucleares, seguido pelos EUA.

Histórico dos principais eventos na relação entre os dois países

Aliança e golpe de Estado

Em 1957, EUA e Irã firmaram um acordo dentro da iniciativa “Átomos para a Paz”, visando o uso pacífico da energia nuclear para países que renunciassem a armas nucleares. Teerã contou com apoio americano, que junto a Israel, foi um grande fornecedor de armas no período pré-revolucionário, enquanto o xá fornecia petróleo a ambos.

Entretanto, o regime do xá foi marcado pela repressão severa via polícia secreta Savak, que perseguia opositores, fomentando o antiamericanismo e nacionalismo.

A Revolução Islâmica

Em 1979, a insatisfação com o autoritarismo do xá culminou na revolução liderada pelo exilado aiatolá Ruhollah Khomeini. A república teocrática instaurada representou o fim dos aliados, com o cerco à embaixada americana em Teerã e a tomada de diplomatas como reféns por 444 dias.

Guerra Irã-Iraque

Durante o conflito entre 1980 e 1988, os EUA apoiaram Saddam Hussein contra o Irã, aumentando a animosidade. A influência iraniana cresceu através de aliados como o Hezbollah, responsável por ataques, incluindo o que matou 241 fuzileiros americanos em Beirute.

O Golfo Pérsico foi palco de conflitos navais na “Guerra dos Navios-Tanque”. Em 1988, um erro americano derrubou um avião comercial iraniano, agravando as tensões.

Anos 1990 e a designação de “Eixo do Mal”

Após a Guerra do Golfo, os EUA adotaram embargo total ao petróleo e gás do Irã, acusado de buscar armas de destruição em massa. Em 2002, o presidente George W. Bush classificou o país como parte do “eixo do mal”, ao lado da Coreia do Norte e Iraque.

Acordo nuclear e pressão do governo Trump

Durante as gestões de Barack Obama e Hasan Rowhani, foi firmado um acordo nuclear em 2013, após longas negociações internacionais, apontando para uma melhora na relação.

Em 2018, Trump rompeu unilateralmente o acordo, intensificando as pressões com ameaças a instalações nucleares iranianas.

No início de 2020, a situação escalou com a morte do general iraniano Qassim Suleimani, comandante da força elite Quds da Guarda Revolucionária. Considerado herói no Irã, sua morte provocou retaliações iranianas e o país acelerou o enriquecimento de urânio, encerrando o acordo nuclear.

Atualidade e instabilidade

O Irã intensificou a produção de material nuclear, ultrapassando linhas vermelhas estipuladas pela ONU, indicando que uma bomba pode estar próxima.

O regime demonstrou fragilidade com protestos em 2022 após a morte de Mahsa Amini, e a guerra de seu aliado Hamas contra Israel prejudicou sua defesa por grupos como Hezbollah.

Em 2024, uma queda suspeita de helicóptero causou a morte do presidente radical Ebrahim Raisi.




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