A Polícia Federal (PF) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro, uma investigação referente à Operação Rejeito, que apura um esquema de corrupção na mineração. Isso ocorreu após a apreensão de anotações que mencionam dois senadores de Minas Gerais: Rodrigo Pacheco (ex-presidente do Senado, PSD) e Carlos Viana (presidente da CPI do INSS, Podemos).
Rodrigo Pacheco afirmou não poder comentar sobre o documento manuscrito de origem incerta e estranhou o vazamento das informações sem provas ou critérios. Já Carlos Viana declarou que sua única relação com a mineradora Vale é a solicitação de prisão do ex-presidente da empresa, Fábio Schvartsman.
Os documentos foram encontrados em conversas do celular do delegado federal Rodrigo Teixeira, preso na operação por suspeita de favorecer empresários da mineração para influenciar órgãos públicos. As mensagens contendo fotos das anotações foram enviadas em 2021.
A Operação Rejeito investiga um esquema de corrupção envolvendo servidores públicos e empresários do setor mineral. Durante a ação, foram presos um diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), funcionários de órgãos ambientais de Minas Gerais e empresários.
As anotações, interpretadas pela PF como um organograma do esquema, descrevem a atuação dos investigados e a possível influência em órgãos públicos. No topo, aparece o nome do senador Rodrigo Pacheco, ligado a João Alberto Lages, empresário da mineração e ex-deputado estadual por Minas Gerais pelo MDB, aliado político de Pacheco.
Outra anotação relaciona Pacheco ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e ao Tribunal Regional Federal, sem detalhes adicionais. O senador Carlos Viana é citado em relação à Vale, mas ele afirmou que sua ligação se limita à prisão solicitada ao ex-presidente da empresa.
O documento ainda menciona o ex-vereador de Belo Horizonte Pablo César de Souza, apelidado de “Pablito”, que venderia facilidades em órgãos ambientais com suporte de João Alberto Lages. Pablo César negou conhecimento sobre o caso e destacou não ser investigado.
A PF avalia que essas anotações indicam suspeitas da participação de políticos no esquema de corrupção na mineração em Minas Gerais. Apesar das citações serem superficiais, o inquérito foi enviado ao STF para evitar nulidade devido às menções. O ministro Dias Toffoli analisa o material e decidirá se o caso fica no STF ou retorna à primeira instância.
Lobista suspeito de produzir documentos
A investigação aponta que o documento manuscrito pode ter sido elaborado por um lobista envolvido com mineradores. A PF apura por que o delegado Rodrigo Teixeira possuía o documento em seu celular, com a hipótese de que ele o recebeu para investigar as informações, mas não deu prosseguimento para proteger o grupo.
Rodrigo Pacheco desconhece investigação no Supremo
Rodrigo Pacheco, cotado para substituir o ministro aposentado Luís Roberto Barroso no STF, com apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e interesse do presidente da República Luís Inácio Lula da Silva para concorrer ao governo de Minas em 2026, declarou não ter conhecimento do processo e criticou o vazamento do documento sem provas.
Ele também esclareceu que sua relação com João Alberto Lages é política e partidária desde 2014, e seu escritório de advocacia atuou em defesa do empresário e sua empresa em processos penais até 2024, sem outras conexões.
O favorito para ocupar a vaga no STF é o advogado-geral da União, Jorge Messias, que manteria altos honorários mesmo no Supremo. O presidente Lula conversou com Davi Alcolumbre sobre essa preferência, mas decidiu só indicar após diálogo com Rodrigo Pacheco.
Fonte: Estadão Conteúdo
