Último aumento do diesel nas refinarias da Petrobras havia sido em 11 de março. Preços de gasolina e GLP, usado no gás de botijão, estão mantidos
Após 60 dias sem reajustar os preços dos combustíveis, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira, 9, que aumentará o preço do diesel em suas refinarias. O novo valor passa a ser aplicado na terça-feira, 10 de maio.
O preço médio de venda do diesel para as distribuidoras da Petrobras subirá em quase 9%, de R$ 4,51 o litro para R$ 4,91 o litro.
Com esse movimento, a Petrobras segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda acompanhando os preços de mercado”, disse a empresa, em nota.
Além da parcela da Petrobras em suas refinarias, o preço final do óleo diesel ao consumidor nos postos inclui ainda o preço do biodiesel (que compõe 10% da mistura final), tributos, margem de lucro da cadeia e custos, entre outros.
A parcela da Petrobras no preço final, com o reajuste de hoje, passa de R$ 4,06 para R$ 4,42 (subindo R$ 0,36 por litro).
Atualmente, o preço médio do óleo diesel nos postos brasileiros está em R$ 6,630/litro, segundo a última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na semana até 7 de maio.
O maior preço encontrado na pesquisa foi de R$ 8,387 em um posto.
Gasolina não terá aumento
O último reajuste da Petrobras no preço do diesel havia sido em 11 de março, quando também foram reajustados gasolina e GLP. Na ocasião, a gasolina nas refinarias da estatal aumentou 19%, o diesel, 25%, e o GLP, usado no gás de botijão, subiu 16%.
Desta vez, somente o diesel foi reajustado.
O preço do diesel é hoje o mais defasado em relação ao mercado internacional. Na semana passada, com a alta da cotação no exterior, o diesel chegou a ficar defasado em 25% em relação aos preços no mercado interno.
O reajuste de hoje não cobre totalmente essa diferença. Nesta segunda-feira, com base no preço de fechamento na sexta-feira, 6, a defasagem do diesel ficou em 17% e da gasolina, 19%, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Desafios de importação
Em nota sobre o aumento, a Petrobras menciona “a elevação dos preços do diesel no mundo inteiro, com a valorização deste combustível muito acima da valorização do petróleo”.
Cerca de 70% do diesel consumido no Brasil vem das refinarias da Petrobras, segundo a empresa. O um terço restante é ofertado por outras refinarias, privadas, e sobretudo trazido ao país por importadoras a preços de mercado.
Sem um reajuste no mercado interno, corria-se o risco de importadores não conseguirem comprar diesel no mercado internacional a preços competitivos internamente, gerando risco de desabastecimento.
As refinarias da Petrobras operam em capacidade máxima, com fator de utilização de 93% no início de maio maio, dado os níveis de segurança e rentabilidade, segundo a empresa. A estatal afirmou que “o refino nacional não tem capacidade para atender toda a demanda do país”.
“Isso significa que o equilíbrio de preços com o mercado é condição necessária para o adequado suprimento de toda a demanda, de forma natural, por muitos fornecedores que asseguram o abastecimento adequado”, disse a empresa em nota.
Inflação
Os combustíveis seguem sendo os grandes vilões da inflação, impactados pela alta no preço do petróleo e seus derivados, como o diesel, diante da guerra na Ucrânia e a reabertura da economia após o auge do coronavírus.
Segundo a prévia da inflação medida pelo IPCA-15 em abril, do IBGE:
- O preço do diesel ao consumidor acumula alta de 52% em 12 meses;
- O gás de botijão subiu 32% no período;
- A gasolina subiu 30%;
- Os combustíveis de veículos como um todo tiveram alta de 31%, e os domésticos, 32%.
A inflação no período medida pelo IPCA-15 ficou em 12,03% no acumulado dos últimos 12 meses, e combustíveis a alimentos tiveram o maior impacto no índice geral, segundo o IBGE. Na última inflação oficial divulgada, referente ao mês de março, o acumulado em 12 meses foi de 11,30%.
A alta dos combustíveis e seus impactos na inflação geral têm elevado a pressão na direção da Petrobras e do governo federal contra a PPI, Política de Paridade de Importação. O modelo faz com que os preços praticados pela Petrobras no Brasil acompanhem os do mercado internacional e é usado desde 2016, no então governo Michel Temer (MDB).
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputará a reeleição em outubro, disse em transmissão em suas redes sociais que novo aumento da Petrobras iria “quebrar o país” e classificou o lucro da empresa como um “estupro”.
A Petrobras teve lucro de R$ 44,6 bilhões no primeiro trimestre, divulgado na última semana. A estatal pagará aos acionistas, incluindo a União, dividendos totalizando R$ 48,5 bilhões (que incluem saldos acumulados do último trimestre).
Horas após a fala do presidente, em conferência com analistas na manhã de sexta-feira, o novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, disse que a estatal iria manter preços de mercado. Indicado por Bolsonaro, Coelho assumiu após a saída do general general Joaquim Silva e Luna.