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domingo, 21/12/2025

Pcc usava grupos no zap para monitorar polícia e fazer rifa do crime

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Em Brasília

As investigações conduzidas pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), dentro da Operação Mosaico, mostram que o Primeiro Comando da Capital (PCC) organizou no Distrito Federal uma rede de grupos no WhatsApp distribuídos pelas regiões administrativas, que serviam como meio principal de comando, controle e arrecadação da facção.

Esses grupos não eram apenas canais de comunicação, mas verdadeiras células operacionais, responsáveis pela administração da rotina dos seus membros e pela captação de recursos para manter as atividades ilícitas. Cada grupo atuava em uma área específica do DF, como Ceilândia, Taguatinga, Samambaia, Planaltina, Gama, Paranoá, além de outras regiões do Entorno goiano. A FICCO é coordenada pela Polícia Federal (PF).

Por meio desses grupos, eram transmitidas ordens diretas, distribuídas tarefas e organizadas campanhas financeiras internas, incluindo rifas, contribuições e outras formas de arrecadação para financiar a compra de armas, pagamento de advogados e despesas operacionais da facção.

Controle e arrecadação

A perícia em celulares apreendidos revelou que, apesar da arrecadação ser feita descentralizadamente, as decisões eram controladas de forma centralizada. Cada região tinha responsáveis que prestavam contas a níveis superiores do PCC.

Esses líderes locais eram encarregados de:

  • Organizar rifas e cobranças regulares;
  • Gerenciar contribuições obrigatórias dos membros;
  • Transferir valores para os níveis superiores;
  • Supervisionar o comportamento dos integrantes sob sua área.

Este sistema se assemelha a uma empresa, na qual cada área funciona como um departamento com metas financeiras e obrigações definidas. Um dos grupos mais importantes era o da “disciplina”, responsável por monitorar membros de baixa hierarquia, principalmente aqueles em liberdade.

Este setor atuava como uma fiscalização interna da facção, avaliando condutas, cobrando resultados e aplicando punições. Neste contexto, surgem as chamadas listas da morte — registros informais com nomes de pessoas consideradas traidoras, indisciplinadas ou com suspeita de rompimento com o PCC.

Alvos monitorados

Conhecidos como “decretados”, esses indivíduos são monitorados até que a execução da sentença ocorra. De acordo com os investigadores, essas listas são resultado de relatórios internos, troca de mensagens e validação por membros de alta hierarquia.

Um exemplo ocorreu em setembro de 2024, em Planaltina, onde um homem foi assassinado após ser “decretado” por ter rompido com o PCC e tentado se unir a uma facção rival, o Comando Vermelho (CV).

Para as autoridades, esse homicídio não foi um ato isolado, mas consequência de uma decisão planejada nos ambientes digitais da facção, reforçando que a violência segue um fluxo organizado de informações e ordens.

Essa estrutura permitia que o PCC mantivesse coesão e ordem interna mesmo com membros presos, demonstrando a capacidade da facção de operar remotamente de forma contínua.

Operação Mosaico

A desarticulação dessa rede começou com a Operação Mosaico, lançada em 18 de dezembro, quando as forças de segurança identificaram e atacaram uma central de comando do PCC no Distrito Federal.

Foram cumpridos 17 mandados de prisão temporária e 17 de busca e apreensão em várias áreas do DF e municípios do Entorno. Mais de 100 policiais participaram da ação, envolvendo Polícia Civil, Polícia Militar, sistema penitenciário e apoio aéreo.

A ação se baseou na análise técnica de dispositivos eletrônicos, revelando a extensão da rede criminosa, sua divisão territorial e a existência de ordens relacionadas tanto ao financiamento quanto à execução de crimes violentos.

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