BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Em uma reunião urgente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas no domingo (22), o secretário-geral da entidade, António Guterres, condenou os ataques realizados pelos Estados Unidos contra o Irã no sábado (21).
“O Tratado de Não-Proliferação representa um alicerce fundamental para a segurança e paz globais, e o Irã deve cumpri-lo plenamente. Todos os membros precisam seguir as obrigações estabelecidas na Carta da ONU e outras normas internacionais. No entanto, a paz não pode ser forçada, deve ser uma decisão consciente”, declarou Guterres.
O diretor da agência internacional de energia nuclear da ONU, Rafael Grossi, que também falou durante o encontro, comentou que nenhuma entidade possui condições para avaliar os danos causados à instalação de Fordow. Ele ainda ressaltou que não foram detectados vazamentos radioativos nos locais afetados.
Segundo Grossi, uma ação militar contra o programa nuclear iraniano prejudica o esforço a longo prazo para impedir que o país use o enriquecimento de urânio para fins militares. “Não podemos permitir que as oportunidades diplomáticas se encerrem e que o regime de não proliferação falhe”, declarou.
A sessão do principal órgão da ONU, frequentemente criticada por sua inação diante da multiplicação dos conflitos globais, foi convocada pouco depois da entrada dos EUA na guerra entre Israel e Irã — agora dois dos cinco membros permanentes do conselho estão diretamente envolvidos em combates, contando a guerra entre Ucrânia e Rússia.
Nove dias após Israel iniciar ofensivas contra seu adversário, o presidente Donald Trump anunciou ataques de bombardeiros americanos a três locais do programa nuclear iraniano no sábado.
“Concluímos com sucesso nossa operação. Um conjunto completo de bombas foi lançado sobre o principal alvo, Fordow”, escreveu Trump na rede Truth Social. “Nenhuma outra força militar do mundo conseguiria isso. AGORA É HORA DA PAZ”, enfatizou, usando letras maiúsculas.
Posteriormente, republicou uma mensagem que dizia: “Fordow está destruído.” Esta foi a primeira ação significativa dos EUA contra seu maior inimigo no Oriente Médio, uma República Islâmica hostil desde 1979.
Antes disso, ocorreram diversos confrontos pontuais.
A resposta inicial do Irã ao ataque inédito dos EUA às suas instalações nucleares foi o aumento do lançamento de mísseis balísticos contra Israel, aliado de Donald Trump no conflito contra Teerã. A República Islâmica prometeu retaliar Washington e consultará seu aliado Vladimir Putin sobre a situação.
A China, outro membro permanente do Conselho de Segurança, criticou veementemente a ação dos EUA. Segundo o Ministério das Relações Exteriores chinês, o ataque violou a Carta da ONU, que estabelece princípios para as relações entre nações.
A China pediu que todos os envolvidos, especialmente Israel, parassem imediatamente as hostilidades e buscassem o diálogo e a negociação. O representante chinês afirmou que a diplomacia para resolver a questão nuclear do Irã ainda tem potencial e que é possível encontrar uma solução pacífica.