Greenpeace Brasil expressou sua insatisfação com o leilão que vendeu 19 blocos na região da Bacia da Foz do Amazonas por R$ 844 milhões. A organização alerta que a abertura de novos poços para exploração de petróleo pode elevar os riscos de desastres ambientais, intensificar a crise climática e aumentar desigualdades sociais.
O consórcio formado pela Petrobras junto à ExxonMobil Brasil adquiriu 10 blocos pelo valor de mais de R$ 262 milhões. Outro consórcio, composto pelas empresas Chevron e CNPC Brasil, comprou 9 blocos por R$ 582 milhões. A negociação foi realizada durante o 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão, conduzido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em 17 de junho.
O Greenpeace Brasil destaca a gravidade do fato de mais de 40% dos blocos ofertados na Bacia da Foz do Amazonas terem sido vendidos neste leilão da ANP. A participação da Petrobras, assumindo 10 blocos em parceria com a ExxonMobil Brasil, representa um projeto político arriscado que compromete a credibilidade ambiental do país.
A WWF Brasil também manifestou séria preocupação e oposição ao leilão, ressaltando que a iniciativa contraria os compromissos climáticos do Brasil e demonstra uma visão ultrapassada de desenvolvimento.
Segundo a WWF, a complexa dinâmica das correntes na Foz do Amazonas aumenta consideravelmente os perigos de vazamentos e dificulta respostas eficazes a eventuais acidentes ambientais. Estes riscos já foram destacados por órgãos técnicos como o Ibama, que anteriormente negou licenças ambientais devido à falta de estudos aprofundados e à alta vulnerabilidade do ecossistema marinho local.
Petrobras, ExxonMobil e Chevron (empresa fundada nos Estados Unidos e detentora da marca Texaco) são protagonistas nesse cenário. O grupo CNPC (China National Petroleum Corporation), uma estatal chinesa e uma das maiores empresas do setor de petróleo e gás, também está presente por meio de sua subsidiária no Brasil.
A Oferta Permanente é a principal modalidade de licitação para exploração e produção de petróleo e gás no Brasil. Diferente das rodadas convencionais, esse método permite a oferta contínua de blocos para exploração localizados em bacias tanto terrestres quanto marítimas.
Adicionalmente ao leilão na Foz do Amazonas, o 5º Ciclo da Oferta Permanente incluiu áreas nas Bacias do Parecis e de Pelotas, além de outras regiões estratégicas para o setor. Ao todo, 34 blocos foram vendidos, gerando investimentos exploratórios que somaram R$ 1,45 bilhão.
Esse montante superou a previsão inicial de R$ 989 milhões em bônus, configurando o maior valor arrecadado na história do sistema de oferta permanente de concessão, conforme afirmou o Ministério de Minas e Energia (MME).
Para o ministro da pasta, os resultados confirmam a confiança do mercado nas diretrizes adotadas pelo governo e refletem a ampla participação de empresas internacionais de países como Austrália, China, Estados Unidos, Portugal e do próprio Brasil.