O órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas (ONU) informou, nesta quarta-feira (18/6), que o estoque de urânio enriquecido do Irã, que tem relação com o conflito com Israel, não foi localizado devido aos ataques militares em curso. Isso impossibilita os inspetores da agência de realizarem suas verificações.
Os 409 quilos de urânio altamente enriquecido do Irã seriam suficientes para fabricar cerca de 10 ogivas nucleares e deveriam estar protegidos sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em uma instalação subterrânea na cidade de Isfahan.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, afirmou à Bloomberg Television que o destino do urânio é incerto, pois Teerã notificou que o material poderia ser relocadose em caso de um ataque israelense.
“Não tenho tanta certeza. Em tempos de guerra, todas as instalações nucleares estão fechadas. Sem inspeções, nenhuma atividade normal pode acontecer”, declarou Grossi.
Ofensiva israelense
Após várias ameaças, Israel iniciou um denominado “ataque preventivo” contra o Irã, focando no programa nuclear iraniano.
Segundo o governo israelense, o principal objetivo é impedir que o Irã desenvolva uma arma nuclear.
Como retaliação à operação israelense chamada Leão Ascendente, o Irã lançou ataques com drones e mísseis contra o território israelense.
Em um discurso no sábado (14/6), o premiê Benjamin Netanyahu anunciou que a ofensiva irá prosseguir, prometendo ataques contra todas as bases iranianas.
Rafael Mariano Grossi também declarou que o Irã ainda não comunicou à agência sobre as “medidas especiais” que pretende adotar para proteger seu arsenal diante dos ataques.
“Não recebemos informações detalhadas. Não sabemos quais serão essas medidas extras de proteção”, disse Grossi.
A AIEA continua a monitorar as instalações por meio de imagens de satélite e não encontrou indícios de que o Irã tenha tentado remover o estoque altamente enriquecido, pois isso configuraria uma violação grave das obrigações do Irã sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, que tem como objetivo evitar a disseminação de armas nucleares.
“O Irã entende que esse estoque deve permanecer sob a observação contínua da AIEA”, comentou Grossi.