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sexta-feira, 27/06/2025




Novo remédio promete emagrecimento sem alterar o apetite

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Um medicamento inovador, testado em animais e também em um pequeno grupo de pessoas, mostrou capacidade de promover a perda de peso sem influenciar o apetite. Segundo os pesquisadores, essa nova droga pode ajudar a prevenir e reverter a obesidade ao estimular a geração de calor nas células adiposas.

Os resultados do estudo recente, divulgados na revista Nature Metabolism em 17 de junho, indicam que o Sana (sigla em inglês para salicylate-based nitroalkene) pode ser uma nova opção no tratamento da obesidade sem afetar o apetite ou o sistema nervoso central.

O princípio ativo é um derivado do salicilato, um composto natural encontrado em plantas, que possui propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Esse composto está presente em diversos medicamentos, como a aspirina (ácido acetilsalicílico) e em alguns alimentos.

Carlos Escande, do Instituto Pasteur de Montevidéu (Uruguai), liderou o estudo, com a colaboração de cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com apoio da FAPESP.

“Observamos redução de peso e melhoria na glicemia em voluntários obesos durante o ensaio clínico de fase 1, embora o grupo tenha sido pequeno”, explicou Carlos Escande.

A fase inicial confirmou que o composto é seguro e bem tolerado. A próxima fase, que testará a eficácia em um grupo maior, está prevista para começar ainda este ano.

Ação direta no tecido gorduroso

Diferente dos remédios que agem reduzindo o apetite no sistema nervoso, como os análogos do GLP-1 (semaglutida), o Sana age diretamente nas células adiposas, estimulando um processo chamado termogênese, onde a gordura queima energia em forma de calor, sem afetar a alimentação.

Nos testes com camundongos, o Sana evitou ganho de peso quando administrado junto com dieta rica em gordura e, em animais obesos, promoveu uma perda de 20% do peso corporal em três semanas.

Também houve melhora na sensibilidade à insulina, redução do açúcar no sangue e diminuição da gordura acumulada no fígado, conhecida como esteatose hepática, condição ainda sem tratamento eficaz.

William Festuccia, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, explicou que o efeito do Sana na temperatura corporal é pequeno e sem riscos para a saúde, pois atua especificamente nas mitocôndrias das células de gordura, evitando sobrecarga cardiovascular.

Como o Sana funciona?

O Sana é um derivado do salicilato, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e usado em medicamentos como a aspirina. Embora o objetivo inicial fosse criar um anti-inflamatório, a molécula desenvolvida mostrou proteger contra obesidade induzida pela dieta.

Ele ativa um tipo diferente de termogênese, que não depende da proteína UCP1, associada à geração de calor pelo frio. Em vez disso, estimula o “ciclo fútil da creatina”, onde a creatina é convertida em fosfocreatina consumindo energia e liberando calor.

Marcelo Mori, da Unicamp, destaca que esse mecanismo permite que o Sana seja combinado com tratamentos que reduzem o apetite, como os análogos do GLP-1, potencializando a eficácia sem desacelerar o metabolismo.

Além disso, o Sana preserva a massa muscular, o que é importante para idosos, que podem perder músculo com medicamentos supressores do apetite. Ter opções complementares é essencial.

Apesar dos avanços, os pesquisadores ressaltam que a eficácia do Sana em humanos precisa ser confirmada nas próximas fases dos estudos clínicos.




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