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quarta-feira, 25/06/2025




Novo objetivo da Otan destaca mudança geopolítica para economia de guerra

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Os 32 países que compõem a Otan se reuniram em Haia, Holanda, para discutir um acordo que propõe destinar 5% de seu PIB para a defesa. Deste percentual, 3,5% seria para “defesa tradicional”, incluindo armas e tropas, e 1,5% seria para investimentos adicionais em cibersegurança e mobilidade militar. Este tema é um dos principais pontos da Cúpula da Otan, que encerra nesta quarta-feira (25/5).

Mais de um terço dos países da aliança ainda não atingiram a meta atual de dedicar pelo menos 2% do PIB à defesa, embora os gastos tenham aumentado desde a invasão da Ucrânia pela Rússia há três anos.

Com o aumento das tensões na guerra entre Israel e Irã, depois da ação dos Estados Unidos no domingo (22/6), que bombardeou três locais relacionados ao programa nuclear iraniano, os investimentos militares tornaram-se prioridade para diversos governos ocidentais.

Desde sua eleição em novembro de 2024, o presidente norte-americano Donald Trump condicionou a participação dos EUA na Otan ao aumento das contribuições financeiras dos aliados.

David Baverez, especialista em geopolítica e autor do livro Bienvenu en Économie de Guerre (Bem-vindo à Economia de Guerra), explicou em entrevista ao canal France 24 (do grupo RFI) que esta nova configuração geopolítica direciona os países ocidentais para uma economia de guerra, distinta da economia de defesa, que foca apenas no aumento dos gastos militares em relação ao PIB.

“Uma economia de guerra não é apenas uma economia de defesa. Em tempos de paz, como vivemos entre 1989 e 2020, a economia é impulsionada pela demanda dos consumidores. Já em economia de guerra, o impulso vem da oferta, especialmente da produção, que enfrenta grandes dificuldades devido aos gargalos produtivos”, destacou.

Ele ainda pontuou: “Os políticos querem fazer parecer que bastaria elevar os gastos com defesa de 2% para 3% do PIB para que não houvesse impacto na vida dos cidadãos. Mas a economia de guerra afeta a todos, pois a dificuldade de produção é sentida em diversas atividades.”

Impacto social

A Espanha se recusou a aderir ao acordo, citando o impacto social e a incompatibilidade com seu sistema de proteção social devido ao aumento das despesas militares. O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez comunicou ao secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que a meta de investir 5% do PIB em defesa “não é apenas irracional, mas também contraproducente”.

No domingo (22/6), Sánchez anunciou que conseguiu um acordo que permitirá à Espanha cumprir suas obrigações sem elevar os gastos em defesa ao nível solicitado pela Otan.

Para Christophe Gomart, vice-presidente da Comissão de Segurança e Defesa do Parlamento Europeu, o aumento dos investimentos em defesa pode beneficiar as economias europeias.

“Os países precisarão realmente investir mais, o que significa mais contratos para as indústrias de defesa, gerando mais faturamento, aquecimento do mercado de trabalho e prosperidade”, afirmou ao canal RFI.

Gomart destacou ainda que para que isso funcione, os investimentos devem permanecer dentro da União Europeia, onde há indústrias capazes de suprir as necessidades militares.

Preocupações com prioridades sociais

No entanto, o aumento dos gastos militares também gera preocupações, como aponta Loïc Founil, porta-voz da coalizão contra a militarização chamada Guerra à Guerra, que teme o redirecionamento de verbas de áreas como educação e saúde para o setor de defesa.

“Em uma economia de guerra, não sobra dinheiro para escolas e hospitais, mas gastamos milhões financiando drones e armamentos. Sempre houve resistência contra as guerras e a fabricação de armas, e queremos retomar essa tradição pacifista”, declarou.

Este cenário destaca um momento de intensas mudanças na forma como os países ocidentais encaram suas prioridades econômicas e políticas no contexto global atual.




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