Em breve, a partir do dia 1º de julho, o delegado da Polícia Federal, Ricardo Saadi, assume a presidência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele já manifestou a intenção de ampliar a equipe atual do conselho, que conta com 100 funcionários, para aumentar a eficácia na prevenção e no enfrentamento da lavagem de dinheiro por meio de relatórios detalhados.
Ricardo Saadi desempenhou papel importante durante a gestão do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, quando foi responsável pela direção de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção. Agora, como líder do Coaf, órgão no qual já atuou como conselheiro, ele destacou o desejo de fortalecer o quadro de pessoal, sendo bastante reconhecido pela alta liderança da Polícia Federal.
Atualmente, dos 100 funcionários, a maioria está envolvida em tarefas administrativas, enquanto outra parte atua na análise propriamente dita. Durante um seminário do Instituto Esfera, realizado no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília, Saadi enfatizou a necessidade de ampliar a equipe para atender à crescente demanda, já que todos os servidores são cedidos por outras entidades públicas.
O delegado apontou dois principais desafios a serem discutidos com seus superiores: a criação de uma carreira específica para os analistas do Coaf e um maior investimento em tecnologia, pois os sistemas atualmente utilizados estão ultrapassados.
“A maioria dos analistas está cedida por outras instituições — e muitos ainda estão em fase de treinamento para retornarem às suas origens com maior conhecimento sobre o fluxo de informações. Isso impacta na qualidade da análise, que não é sempre a ideal”, explicou Saadi no evento, que contou com a presença de autoridades como o ministro Gilmar Mendes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Para Saadi, superar esses obstáculos permitirá ao Coaf produzir relatórios mais precisos e de maior relevância. O crescimento da carga de trabalho é evidente: em nove anos, as operações aumentaram em 766,6%. Só no último ano, o conselho recebeu 7,5 milhões de comunicados.
O estudo que sustentou o seminário — realizado em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública — reforça que, para aprimorar o combate ao crime organizado no setor financeiro, o Coaf precisa de melhorias estruturais e operacionais significativas.
Nova administração
Ricardo Saadi foi indicado pelo Banco Central para liderar o Coaf, substituindo Ricardo Liáo, que esteve à frente do órgão desde agosto de 2019 e pediu exoneração.
Em comunicado, o Banco Central ressaltou que a experiência de Saadi será fundamental para a missão do Coaf, que consiste em gerar inteligência financeira e supervisionar setores econômicos a fim de proteger a sociedade contra lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e proliferação de armas de destruição em massa.
O Coaf funciona como a unidade de inteligência financeira do Brasil. Trata-se de uma entidade administrativa central e independente que coleta e analisa dados do setor financeiro e de diversos segmentos econômicos.