O dispositivo Livio usa inteligência artificial e traz funções inéditas que monitoram o bem-estar do indivíduo acometido por uma deficiência auditiva
Acaba de chegar ao mercado brasileiro o Livio AI, um aparelho auditivo moderno que, conectado a um celular, traduz conversas em até 27 idiomas, alertas sobre quedas e até monitora a prática de atividades físicas. Ele se vale da inteligência artificial para isso.
“A ideia é devolver a qualidade de vida à pessoa com perda auditiva, que sofre com o isolamento social e tem sua cognição prejudicada por causa da privação sensorial”, comenta Natacha Fregnani, fonoaudióloga da Starkey Hearing Technologies, desenvolvedora do aparelho. “É uma tecnologia semelhante a de certas pulseiras e aplicativos de exercício no celular. Mas é mais precisa, porque sofre menos interferências externas”, explica a porta-voz.
As informações são transmitidas, por bluetooth, do aparelho auditivo para o celular e exibidas no aplicativo Thrive, que dá pontuações em três categorias: corpo, cérebro e bem-estar. É no smartphone também que a fala do usuário é convertida para outro idioma a um interlocutor estrangeiro. Em paralelo, o dispositivo traduz o que ele está respondendo diretamente na sua orelha.
Já o alerta sobre quedas é ativado quando o dispositivo capta o movimento brusco de um tombo e, na sequência, a pessoa não se mexe por um minuto. O app manda mensagem para três contatos selecionados e informa onde aconteceu o acidente em um mapinha. O pedido de socorro pode ser cancelado caso o indivíduo levante.
Há duas versões da novidade: uma a pilha e outra recarregável.
Tecnologia contra a surdez
O Livio inaugura uma nova fase do uso da inteligência artificial em aparelhos auditivos, em que esses acessórios ajudam a minimizar obstáculos da vida cotidiana provocados pela surdez. Mas outros dispositivos do tipo já empregam recursos como esse para moldar a nitidez e o volume dos sons de acordo com o ambiente. Se o lugar está barulhento, eles automaticamente filtram as vozes mais próximas para distingui-las de outros ruídos, por exemplo.
“Em alguns dispositivos de ponta, é possível conectar o streaming da TV, atender chamadas no celular e controlar outros gadgets da casa”, comenta Jeanne Oiticica, chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Eles ainda são caros, porém a tendência é que, com a popularização da inteligência artificial, tornem-se um pouco mais acessíveis.
Recentemente, a Micro Som lançou o Via AI, com funções semelhantes ao Livio. “Mas vale destacar que aparelhos do tipo são intracanal. Ou seja, vedam o canal auditivo, o que só fazemos em casos de perda moderada e severa”, destaca a otorrino.
Antes de escolher qualquer dispositivo médico, vale a pena conversar com o doutor.