Cortes têm obrigado instituições a adotarem medidas alternativas para manter funcionamento. Algumas reduziram número de atendimentos. Outras estão sobrevivendo com doações.
Nem os programas sociais do Governo do DF escaparam da tesoura do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Com o orçamento curto, a distribuição de pão, leite, queijo e iogurte a creches e entidades filantrópicas que atuam na reabilitação de viciados e alcoólatras está comprometida. Alguns contratos se encerraram e não foram renovados. E não é só isso. Há dois meses não é feito o pagamento do benefício do DF sem Miséria (programa de combate à extrema pobreza) a 62 mil famílias carentes.
Desde abril do ano passado, as 191 instituições atendidas pelo Programa de Provimento Alimentar Institucional (Provisan) não recebem o pão que era doado pelo GDF. Sabrina Saraiva, de 31 anos, responsável técnica da ONG Meio Ambiente e Tratamento das Adicções (MATA), afirma que a situação ficou mais complicada após o corte do benefício.
A gente trabalhava na reabilitação de 18 homens. Agora, tendo que comprar os ingredientes para confeccionar o pão, tivemos que reduzir o número de vagas para 10. Uma cozinheira colaboradora vem até a instituição e produz os pães para os internos.“
De acordo com Sabrina, a verba foi cortada após a troca de comando no Palácio do Buriti no ano passado: “Antes, recebíamos o pão e o leite. Como o contrato com a empresa que fornecia o pão foi cancelado, houve o corte no auxílio”.
Sem previsão
A dificuldade é compartilhada pelos colegas. Um representante de outra instituição, que preferiu não ter o nome revelado, afirmou que a ajuda vinha com o pão, o leite, o iogurte e o queijo. “O leite e os derivados agora vêm em quantidades menores e não há previsão de quando será normalizado”, relata, indignado. A situação se repete desde outubro do ano passado, segundo ele.
“O governo gasta R$ 12 milhões com publicidade e corta o nosso pão?” De acordo com ele, os produtos são importantes, já que os R$ 30 que rebecem por dia para receber os pacientes são insuficientes para mantê-los.
Por conta disso, está tendo dificuldades para levar pacientes a consultas externas, para comprar alimentos e pagar funcionários. Os salários estão atrasados e está difícil fechar as contas da instituição no fim do mês. Estamos em um colapso financeiro tremendo”, completou.
Segundo a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDHS), o fornecimento de pão encontra-se suspenso em função da rescisão do contrato anterior. Em nota, a pasta completou que está reformulando um novo contrato para que o auxílio seja retomado.
Falta de pagamento
Os atrasos não atingem apenas o pão e o leite. Mais de 62 mil beneficiários do DF Sem Miséria – complemento do Bolsa Família no Distrito Federal – também têm sofrido com a falta de pagamento. São duas parcelas atrasadas, correspondentes aos meses de novembro e dezembro do ano passado.
De acordo com a SEDHS, os benefícios do décimo primeiro mês de 2015 serão depositados na próxima semana. O programa concede auxílios mensais que variam de R$ 20 a R$ 800.
A pasta afirma ainda que “por recomendação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Palácio do Buriti está fazendo a averiguação cadastral de 7.903 beneficiados pelo Bolsa Família”.
A nota diz ainda que, “paralelamente, a SEDHS, responsável pelos programas sociais do DF, também está fazendo a revisão de 21.148 beneficiados.”