RIO – Herberto Helder, considerado o principal poeta português da segunda metade do século XX, morreu ontem, aos 84 anos, na sua casa em Cascais, Portugal, informou em comunicado nesta terça-feira a Porto Editora. A causa da morte não foi revelada. O enterro será realizado na próxima quarta-feira e será fechado para a família.
O último livro de Helder, “A morte sem mestre”, foi publicado em junho do ano passado pela Porto Editora. A edição trazia ainda um CD com cinco poemas lidos pelo autor. Ele é autor também de “A faca não corta o fogo” (2008), “Servidões” (2013), “Ofício cantante” (2009), “Do mundo” (1994), “A cabeça entre as mãos” (1982), entre outros. No Brasil, foram publicados “O corpo o luxo e a obra” (Iluminuras), “Os passos em volta” (Azougue) e “Ou o poema continuo” (Girafa). Os três livros estão esgotados.
Herberto Helder nasceu em Funchal, em 1930. Começou a faculdade de Direito, mas abandonou o curso e foi estudar Filologia Românica, que também não concluiu. Foi colaborador de diversos jornais, como “Jornal das Letras e Artes”, e diretor literário da editora “Estampa”, em 1969. Ao longo da vida, dedicou-se a outras atividades não relacionadas a poesia: foi meteorologista na ilha da Madeira, delegado de propaganda de produtos farmacêuticos e redator publicitário.
Em 1958, publicou “O amor em visita”, seu primeiro livro. Após viver em vários países europeus, retornou a Portugal em 1960, onde se tornou responsável pelas bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1971, durante o trabalho como correspondente na guerra civil em Angola, sofreu um grave acidente e ficou três meses internado. Em 1973, deixou novamente Portugal e foi para os Estados Unidos. Neste mesmo ano, lançou “Poesia toda”. O poeta só voltaria ao país após a Revolução dos Cravos, em abril de 1975. Trabalhou no rádio e em revistas e foi editor da revista literária “Nova”.
Uma situação marcante da personalidade de Helder ocorreu quando, em 1994, foi escolhido vencedor do Prêmio Pessoa. Ao ser comunicado pelo júri, o poeta recusou o prêmio, um dos mais importantes de Portugal, pediu para que não o anunciassem e escolhessem outra pessoa.