O Método Canguru foi criado para garantir cuidados completos aos recém-nascidos em situações de risco. Essa técnica promove o contato direto entre a pele do bebê e a dos pais, fortalecendo o laço afetivo e incentivando a saúde dos pequenos desde os primeiros dias.
No Hospital Regional de Sobradinho (HRS), uma das unidades no Distrito Federal que utiliza esse método, mais de mil casos foram atendidos nos últimos três meses.
Angelina Lacerda, que nasceu prematura com 32 semanas e 3 dias, é um dos bebês na UTI neonatal do HRS. Sua mãe, Fabiana Lacerda, 32 anos, já vivenciou o método pela segunda vez. “Na primeira vez que peguei minha filha no colo, mesmo com vários aparelhos, chorei muito. Cantamos, conversamos e oramos com ela no colo. Isso nos fortalece e ajuda muito a melhorar nossos bebês”, relata.
A neonatologista da unidade, Tatiane Barcelos, destaca que os benefícios dessa prática são cientificamente comprovados: “O Método Canguru ajuda a regular a temperatura, melhora o ganho de peso, reduz o estresse do bebê, facilita a amamentação e contribui para o desenvolvimento neurológico. Além disso, diminui o período de internação e fortalece os vínculos familiares.”
Além do toque físico
Segundo a supervisora de enfermagem da UTI Neonatal, Valquiria Vicente, a prática envolve uma estrutura organizada e multidisciplinar, incluindo profissionais das áreas de enfermagem, medicina, fisioterapia, fonoaudiologia, farmácia clínica, psicologia e terapia ocupacional. Essa equipe trabalha unida para proporcionar múltiplos benefícios aos recém-nascidos e suas famílias.
Durante o Método Canguru, o bebê fica protegido da luz excessiva e do barulho, sentindo o batimento cardíaco dos pais, o que o auxilia a permanecer calmo e saudável.
A enfermeira do HRS, Kelly Saboia, enfatiza que o principal objetivo da técnica é preservar o cérebro dos bebês: “No contato direto com a mãe, o bebê fica aquecido, protegido da luz e do ruído e sente o coração dela, assim como quando estava na barriga.”
Para tornar a experiência hospitalar mais acolhedora, os profissionais promovem passeios com mães e bebês até o heliponto, proporcionando momentos ao ar livre, contato com o sol e troca de vivências. A também enfermeira do HRS, Margareth Knupp, ressalta que isso ajuda as mães a se fortalecerem durante longas estadias no hospital.
Elizabeth Alves, mãe do pequeno Theo, de 1 mês e 13 dias, que está internado na Unidade de Cuidado Intermediário Canguru (Ucinca), participa desses passeios com grande alegria: “É maravilhoso. Tomamos sol, respiramos ar puro e, no contato pele a pele, sentimos amor e afeto que auxiliam no desenvolvimento dos filhos. É excelente.”
Como funciona o método
O Método Canguru é uma política pública iniciada na UTI Neonatal, onde o bebê fica em posição vertical, com contato pele a pele junto ao peito da mãe ou do pai, por longos períodos. Até os irmãos podem participar desse contato, seja no hospital ou em casa, favorecendo a interação familiar.
Desde 2009, o Ministério da Saúde implementa o Programa de Fortalecimento do Método Canguru no país. No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde conta com um grupo de tutores especializados que orientam e coordenam a técnica nas unidades públicas.