Ministro afirmou que a economia vai crescer cerca de 2 por cento no quarto trimestre deste ano, quando comparado com igual período de 2016
São Paulo – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira que a economia brasileira crescerá menos do que o esperado neste ano e repetiu que, se necessário, haverá aumentos de impostos.
Meirelles disse a jornalistas, após participar de evento em São Paulo, que o Produto Interno Bruto (PIB) do país terá expansão de um pouco menos de 0,5 por cento neste ano e que a projeção oficial será divulgada nas próximas semanas.
“A previsão para o PIB (deste ano) é um pouco menor do que 0,5 (por cento), mas certamente será positivo”, afirmou ele.
O Brasil passou os últimos dois anos mergulhado em recessão e, agora, dá sinais de recuperação, porém ainda não consistentes, em meio à intensa crise política que afetou o governo do presidente Michel Temer e alimentou temores de que o andamento das reformas trabalhistas e da Previdência no Congresso Nacional será afetado.
Meirelles disse ainda que a economia vai crescer cerca de 2 por cento no quarto trimestre deste ano quando comparado com igual período de 2016, abaixo da estimativa anterior de 2,7 por cento. “Será (um crescimento) acima de 2 por cento ainda”, afirmou ele.
Na pesquisa Focus do Banco Central, que ouve uma centena de economistas todas as semanas, as estimativas são de crescimento do PIB de 0,39 e 2,10 por cento neste ano e em 2018, respectivamente.
Diante desse cenário de menor expansão da atividade, que afeta a arrecadação e consequentemente as contas públicas do país, o ministro repetiu que, se for necessário, haverá aumento de impostos.
Um que está na mesa para análise é a Cide sobre combustíveis, que não precisaria do aval do Congresso para elevar a alíquota.
Meirelles afirmou novamente que a trajetória da inflação e da taxa de juros é de queda e, assim, o Banco Central está no “caminho certo”.
Antes do evento, Meirelles esteve reunido com economistas, que apontaram a fraqueza da atividade econômica e adotaram discurso mais pessimista do que o do governo, segundo dois participantes do encontro ouvidos pela Reuters.
“A discussão entre os economistas foi de piora da atividade depois do evento da JBS e que, se a economia vai crescer menos, como será possível cumprir a meta fiscal”, afirmou um dos economistas, referindo-se às delações de executivos do grupo J&F contra Temer e que levou a Procuradoria Geral da República a denunciar o presidente por crime de corrupção passiva.
Apesar do cenário adverso, Meirelles se mostrou comprometido em cumprir a meta fiscal deste ano, que prevê déficit primário de 139 bilhões de reais, segundo as fontes ouvidas.