O mercado financeiro, inicialmente dividido sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) tomada na quarta-feira, 18, alinhou-se após o anúncio do aumento da taxa Selic em 0,25 ponto percentual.
Duas ideias ganharam consenso entre os economistas no pós-reunião. A primeira é que, salvo imprevistos, o ciclo de alta dos juros chegou ao fim. A segunda aponta que a taxa deverá se manter nos atuais 15% por um período prolongado, com poucas chances de redução ainda em 2024.
Algumas projeções apontavam para um relaxamento da política monetária já entre o final de 2024 e o início de 2026. Bancos como o Citi e o Bradesco, entretanto, demonstraram menos confiança nestas previsões após a divulgação de um comunicado com tom mais firme (hawkish) do Copom.
Além do aumento inesperado da Selic, o comitê sinalizou a intenção de manter os juros elevados por prazo significativo para garantir o retorno da inflação à meta estabelecida.
Mesmo com o fortalecimento do real e a melhora na previsão da inflação, o Banco Central (BC) manteve sua projeção para o IPCA em 3,6% no final de 2025, acima da meta central de 3%.
Apesar de indicar que o aperto monetário pode ter terminado, o Copom não descartou a possibilidade de ajustes futuros caso a situação econômica exija, mantendo a vigilância constante.
Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, destaca que o desafio para controlar a inflação exige a manutenção da Selic em níveis elevados, potencialmente até o segundo semestre de 2026. A reancoragem das expectativas inflacionárias ajudaria esse processo.
O Citi aponta que o início do ciclo de redução dos juros deve ocorrer apenas no segundo trimestre de 2026, embora aguarde documentos oficiais para revisar essa perspectiva. Já o Bradesco mantém a previsão de corte para dezembro de 2024, com a taxa terminando em 14,5%, mas está aberto a reavaliar seu cenário.