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quinta-feira, 21/11/2024
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Mais de 90 pessoas estão desalojadas após incêndio em prédio na Asa Norte

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A Defesa Civil mantém, por tempo indeterminado, a interdição de 24 apartamentos afetados pelo incêndio no bloco M da 110 Norte. As labaredas, que atingiram 700ºC, romperam os 18 cabos que dão resistência à prumada

Cobertura onde o fogo começou ficou completamente destruída: há risco de desabamento da laje atingida pelas chamas. (foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)

 

Mais de 90 pessoas estão desalojadas desde que um incêndio destruiu um apartamento e atingiu outros três no sexto andar do bloco M da 110 Norte, na segunda-feira. A Defesa Civil manteve a interdição de 24 imóveis da prumada afetada pelas chamas, por causa do risco de desabamento da laje da cobertura atingida pelo fogo. Os moradores só vão poder retornar após o escoramento da estrutura, trabalho que deve começar hoje e terminar amanhã. Os outros condôminos do prédio de seis pavimentos e 60 unidades residenciais retornaram para casa na manhã de ontem, após liberação do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil.

Uma vistoria realizada pela Defesa Civil, ontem de manhã, identificou o rompimento dos 18 cabos de protensão que dão resistência a toda prumada atingida pelas chamas. Elas atingiram 700ºC. Duas perícias vão identificar as causas do incêndio: uma feita pelo Corpo de Bombeiros e outra, pela Polícia Civil. Agentes do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil fizeram uma inspeção preliminar ontem e retornam na manhã de hoje. A previsão é de que o resultado fique pronto em 30 dias.
Uma das peritas do IC, que não quis ser identificada, contou ao Correio que o foco do incêndio ficou concentrado em um quarto conjugado com a sala do apartamento 603, onde começou o fogo. “A instalação elétrica desse quarto e sala foi feita muito tempo depois. É uma instalação externa, mas existe a possibilidade de até os indícios do incêndio terem sido destruídos pelo fogo em razão do tamanho da destruição”, avaliou.
Engenharia
O tenente-coronel Sinfrônio Lopes, da Defesa Civil, ressaltou que o projeto de engenharia garantiu que o prédio permanecesse em pé. “É uma construção de alto padrão e, além dos cabos, havia outra estrutura que avisaria se a construção fosse ceder. Se não fosse isso, a varanda do sexto andar poderia desabar, o que ocasionaria em uma destruição sequenciada de todos os outros andares”, explicou.
Sinfrônio destacou ainda que a estrutura da cobertura foi calculada para aguentar um peso maior que o padrão, o que trouxe segurança e evitou desabamento em efeito dominó. “Há um risco iminente de destruição da laje, mas o engenheiro que fez o projeto atendeu todas as normas de segurança com todos os requisitos necessários”, comentou.
Segundo o projetista estrutural à frente do escoramento da laje, Alexandre Campos, chega hoje o material para dar início ao escoramento da laje da cobertura atingida pelo fogo e da laje do quinto andar .“Ainda é muito cedo para falarmos sobre o grau de comprometimento, bem como determinar quando os moradores poderão voltar para casa. Precisamos fazer esses ajustes mais técnicos, como escoramento, para começar a trabalhar”, frisou.
Seguro
Subsíndico do edifício, Luiz Antônio Tizoco Melgaço apontou que a seguradora do edifício, o Grupo SulAmérica, fará uma avaliação dos estragos. “A empresa informou que mandará um técnico em até 48 horas para avaliar os danos e poder estimar o que o seguro cobre. Contudo, eles dependem do escoramento para realizar a análise”, observou. Os donos do apartamento atingido pelas chamas não quiseram dar entrevista sobre o seguro do imóvel.
O delegado Laércio Rosseto, chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), responsável pela investigação, descartou qualquer indício de o incêndio ser criminoso. Por causa disso, ele ainda avalia a necessidade de abertura do inquérito, mas garantiu que, independentemente da instauração do procedimento, agentes trabalham para esclarecer as causas do fogo. “Todas as providências estão sendo tomadas de forma independente e haverá perícia para detectar as causas do incêndio”, afirmou.
Pertences
As labaredas de fogo começaram por volta das 15h30 de segunda-feira no apartamento duplex 603 e só foi extinto cinco horas depois.  Na manhã de ontem, moradores dos 24 imóveis interditados puderam entrar no prédio para retirar os pertences. Por segurança, só subia uma pessoa acompanhada de dois militares dos bombeiros. A maioria saía com documentos, roupas e alimentos. Por causa do acidente, alguns cogitam se mudar do edifício para sempre.
É o caso de Débora De La Vega, 39 anos, e do marido dela, João Paulo De La Vega, 40. “Quando vi as labaredas indo para o lado do nosso apartamento, entrei em desespero. Vimos vidros caindo e as chamas tomarem a cobertura. A sensação era de que íamos perder tudo. Por sorte, foi só fumaça. Hoje (ontem) de manhã, a parede ainda estava quente”, contou a mulher.
A sogra dela estava no imóvel no momento do incêndio e conseguiu sair com o cachorro da família. “Ela desceu e ligou para mim. Vim o mais rápido que pude. Subi e busquei o que tínhamos de valor. Dinheiro, documentos e alguns aparelhos eletrônicos. Não sei se  vamos continuar morando aqui ou como vai ser a partir de agora”, contou João Paulo.
Unidades a partir de R$ 1 milhão
Sites especializados na venda e compra de imóveis anunciam apartamentos no bloco M da 110 Norte com valores a partir de R$ 1 milhão. Antes do incêndio, uma cobertura no edifício estava avaliada em R$ 2 milhões. O Correio apurou com moradores que um homem comprou um apartamento no terceiro andar da prumada C — não atingida pelas chamas —, por R$ 1,1 milhão, ontem, no momento
em que as labaredas consumiam o apartamento 603, na prumada A.
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