Segundo a ex-diretora e delatora Frances Haugen, uma pesquisa interna do Facebook mostra que entre 40% e 60% das novas contas são “duplicatas” de pessoas já cadastradas.
O período turbulento do Facebook (FBOK34) parece não ter fim.
Primeiro, a série de matérias do Wall Street Journal que mostraram a toxicidade das mídias sociais, especialmente para os usuários mais jovens.
Em seguida, as denúncias públicas da ex-diretora Frances Haugen, que revelou os segredos da rede social.
E, há duas semanas atrás, o blecaute global para todas as plataformas do grupo liderado por Mark Zuckerberg.
A última notícia negativa para o Facebook foram os novos números sobre os usuários da rede social, também divulgados em depoimento por Haugen.
Segundo a delatora, uma pesquisa interna de 2021 e realizada com 5.000 novos usuários mostra que entre 40% e 60% das novas contas são “duplicatas” de pessoas já cadastradas.
Um número considerado preocupante, considerado que, de acordo com a rede social, haveria atualmente um número maior de novos assinantes no mercado dos EUA na faixa de 18 a 30 anos do total de cidadãos americanos da mesma idade.
Documentos internos de 2018 redigidos por funcionários do Facebook e Instagram mostram a existência deu uma estratégia de negócios deliberadamente baseada em incentivar usuários a criar várias contas.
Os alvos principais dessa estratégia seriam, novamente, os mais jovens.
De acordo com outro “vazamento” publicado pelo Wall Street Journal, nos Estados Unidos e no Reino Unido a popularidade da rede social entre os adolescentes estaria, respectivamente, entre 108% e 132%, graças a contas duplicadas.
Muitas vezes um desses perfis é público e o outro é privado.
Segundo Joe Osborne, assessor da rede social, essa informação não seria uma novidade, e não “explicaria todos os acontecimentos”.
Entretanto, todos esses elementos tornam o Facebook menos confiável aos olhos dos usuários e principalmente de seus concorrentes.
Segundo os resultados do segundo trimestre de 2021, o Facebook teria registrado 2,9 bilhões de usuários mensais ativos em todo o mundo. Além disso, o número de assinantes cresceu 7% na comparação anual.
No balanço divulgado pela rede social não há referência ao problema de contas duplicadas.
Em 2020 a empresa de Zuckerberg havia minimizado o problema, salientado que eram apenas 11% dos casos.
Entretanto, de acordo com o que Haugen revelou, os números seriam bem diferentes.
Os usuários diários do Facebook nos últimos dois anos teriam diminuído em até 13% na faixa de 18 a 29 anos. E essa tendência, nos próximos anos, poderia chegar até 45%.
Mas por que superestimar o número de usuários?
Em primeiro lugar para objetivos de arrecadação publicitária, oferecendo aos investidores uma audiência sem limites que certamente desperta um grande interesse em termos de receitas.
Dessa forma, o Facebook teria sido capaz de gerar mais lucros do que os números permitiriam.
Um processo que, segundo outros documentos internos que se tornaram públicos, alguns funcionários chegaram a contestar, declarando que a empresa estava obtendo “lucros que nunca deveria ter tido”.
Já em 2016, o Facebook foi forçado a reembolsar 40 milhões de dólares (cerca de 250 milhões de reais) para alguns vendedores por manipular o número de visualizações de alguns anúncios de vídeo.
Em alguns casos, os números foram inflados em até 900%.
O mundo aguarda os resultados do terceiro trimestre de 2021 do Facebook. Também para ver se esse período turbulento da rede social está prestes a acabar, ou se estamos vivenciando apenas o início do Calvário de Zuckerberg.