Apesar das recentes demissões feitas pelo presidente Lula para afastar aliados que não o apoiam fielmente, o grupo político conhecido como Centrão ainda possui comando sobre cerca de R$ 97 bilhões do orçamento e ocupa mais de 60 cargos importantes no governo federal. Essa ação acontece depois de perdas do governo no Congresso e tem como objetivo fortalecer a base política para as eleições de 2026.
O levantamento do jornal Estadão revela que o Centrão, formado pelos partidos PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB, mantém sua influência em ministérios e em posições decisivas em agências reguladoras, empresas estatais e autarquias. Estes recursos financeiros sob controle do grupo correspondem ao orçamento total de importantes pastas do governo, como Fazenda, Justiça, Ciência e Tecnologia, Cultura, Meio Ambiente, entre outras.
Ainda que estejam influentes, os membros desses partidos frequentemente votam contra as diretrizes do governo em temas essenciais. Isso resultou em derrotas importantes, como a rejeição de uma medida provisória que buscava compensar perdas financeiras e garantir recursos extras para o ano eleitoral de 2026.
Para reagir a essa situação, o governo, por meio da Secretaria de Relações Institucionais, começou a demitir indicados desses partidos em órgãos ligados a ministérios, abrindo espaço para novas nomeações em troca de apoio político nas votações prioritárias.
Mesmo com essas mudanças, o Centrão continua forte no governo. O partido PSD, comandado por Gilberto Kassab, controla três ministérios estratégicos com um orçamento conjunto de R$ 22,8 bilhões. Já o MDB comanda ministérios e cargos importantes com orçamento total de R$ 51,8 bilhões, mantendo sua presença em secretarias e departamentos fundamentais.
Principais cargos ocupados pelo Centrão
O União Brasil, mesmo após anunciar sua saída do governo, ainda lidera o Ministério do Turismo e tem controle sobre ministérios que somam mais de R$ 12 bilhões em orçamento. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é um dos principais representantes do partido e tem atuado para proteger o governo em votações no Congresso.
O PP, liderado pelo senador Ciro Nogueira, também mantém influência em áreas estratégicas, como o Ministério do Esporte, e ocupa posições importantes em diversas agências e órgãos federais.
Especialistas afirmam que a estratégia do governo visa garantir apoio político para aprovar suas propostas até as eleições, mesmo que isso gere tensões internas. As recentes melhorias na popularidade do presidente podem ter incentivado essa reorganização política agora.
De acordo com José Guimarães, líder do governo no Congresso, o objetivo é tornar a base aliada mais alinhada com as prioridades do Executivo, buscando coerência e compromisso dos partidos que ocupam cargos no governo.
Em resumo, essa movimentação política é uma tentativa de consolidar uma base forte para 2026, reformulando alianças e controlando os espaços de poder dentro do governo.
