CAROLINA LINHARES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O presidente Lula (PT) declarou na noite de quinta-feira (16) que 2026 será um ano muito importante e ressaltou a necessidade de a esquerda aprender a dialogar melhor com diferentes grupos, incluindo os evangélicos.
O presidente fez seu discurso durante o 16º Congresso do PC do B, realizado no centro de convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Ele esteve ao lado da ministra e presidente do PC do B, Luciana Santos (Ciência e Tecnologia). O PC do B faz parte de uma federação com o PT e o PV.
Lula destacou que “2026 será um ano importante. Precisamos agir de forma diferente. Evangélicos não são contra nós, quem não sabe falar com eles somos nós. O problema está em nós, não neles. Nós nos afastamos do povo”, afirmou, reiterando sua intenção de disputar a reeleição.
Mais cedo, o presidente recebeu no Palácio do Planalto representantes da Assembleia de Deus Ministério de Madureira. Estiveram presentes o deputado federal Cezinha da Madureira (PSD-SP) e o advogado-geral da União, Jorge Messias, evangélico e provável candidato ao STF.
No congresso, Lula ressaltou que o principal desafio para a reconstrução da democracia é fazer a mensagem da esquerda ser compreendida por todos.
“Nossa linguagem e nosso discurso estão distantes do entendimento de milhões que gostariam de nos ouvir. O desafio é convencer quem ainda não está conosco a vir para o nosso lado”, disse.
Lula pediu que a linguagem da esquerda seja acessível ao povo, lembrando que seu discurso não é para a elite econômica de Faria Lima, mas para a população.
Segundo ele, o discurso progressista é muitas vezes restrito a ativistas, esquecendo milhões que gostariam de participar, mas não são convidados.
O presidente petista chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “figura politicamente grotesca”.
Ele também comentou que os resultados eleitorais da esquerda para a Presidência precisam se refletir nas eleições para deputados, e criticou a atual situação do Congresso, considerado o pior de sua história.
Lula criticou ainda uma PEC aprovada que protege criminosos, referindo-se à PEC da Blindagem.
O presidente pediu novamente que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tire o mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Lula comentou a tentativa do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, na Venezuela, dizendo que o Brasil nunca será Venezuela e vice-versa, defendendo o direito do povo venezuelano decidir seu destino sem interferência externa.
O evento teve a presença de várias lideranças, como a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), o ministro Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social), o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia, PSD), o ministro Wolney Queiroz (Previdência Social, PDT), o presidente do PT, Edinho Silva, o prefeito de Recife e presidente do PSB, João Campos, a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), entre outros parlamentares da esquerda.
Também estiveram presentes representantes dos partidos comunistas da China e de Cuba. Luciana Santos e João Campos reforçaram a aliança do PC do B e do PSB com Lula para 2026.
A líder do PC do B destacou a importância da frente ampla para isolar a extrema direita no país, criticando as intervenções dos EUA na Venezuela e alertando para a escalada de tensão no Caribe. Segundo ela, o Brasil está sob pressão de um país que se considera dono do mundo.
Luciana também criticou os juros altos mantidos pelo Banco Central, seguindo as críticas liberadas por Lula sobre a gestão do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Edinho Silva defendeu a reeleição do presidente em 2026 e a construção de uma ampla aliança democrática para mostrar que o fascismo não tem espaço no Brasil.
O presidente do PT lembrou que o fascismo foi derrotado nas eleições de 2022 e a tentativa de golpe em 2023 também foi vencida, mas alertou que a derrota final da extrema direita ainda não foi alcançada.
Ele comentou também as ameaças feitas pelo presidente dos EUA contra a América Latina, classificando-as como inaceitáveis, citando o governo e povo da Venezuela.