Presidentes da Câmara e Senado têm feito movimentos paralelos para agilizar medidas urgentes contra a pandemia
Insatisfeito com o resultado da reunião do comitê formado pelos Poderes para mitigar os efeitos da pandemia no Brasil e sob pressão de líderes partidários, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) fez nesta quarta-feira, pela primeira vez, um duro discurso cobrando mudança de postura do governo, referindo-se indiretamente até à possibilidade de impeachment. Ele disse que o Congresso tem “remédios políticos amargos, alguns fatais”. Na avaliação de aliados é preciso descolar a Casa do presidente Jair Bolsonaro.
Essa “desalinho” entre Lira e o presidente Bolsonaro se estende também ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que tem se movimentado no mesmo sentido , por vezes, buscando se distanciar do presidente para acelerar o combate à pandemia. Veja outros casos de voos solo entre os presidentes do Congresso e o da República.
Carta aos Estados Unidos
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco enviou ofício à vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, pedindo autorização para aquisição, pelo governo brasileiro, de “doses de vacina estocadas nos EUA e ainda sem previsão de utilização”. Pacheco afirmou que o compartilhamento de estoques daria “impulso decisivo” à campanha de vacinação no Brasil e descreveu o país como o “atual epicentro” da pandemia da Covid-19.
Incentivo a leitos
O presidente da Câmara, Arthur Lira, articulou a votação relâmpago de um projeto para incentivar o setor privado a financiar leitos para tratamento de Covid-19 no Sistema Único de Saúde. De autoria do deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), o projeto ganhou o nome de “Programa Pró-Leitos”. Pela proposta, o valor investido será deduzido do Imposto de Renda referente ao exercício de 2021. Os custos da renúncia fiscal poderão chegar a R$ 2,5 bilhões.
Reunião com empresários
Os presidentes das duas Casas reuniram-se na noite de segunda-feira com donos de hospitais privados, de planos de saúde e de bancos. Se comprometeram a levar ao governo pleitos como a isenção da alíquota de imposto de importação sobre insumos hospitalares, e autorização para a compra de vacinas para imunizar funcionários das companhias, sob o argumento que tal medida reduziria a demanda sobre o Sistema Único de Saúde.