Linha de crédito lançada pelo BNDES é positiva, mas insuficiente, diz Abimaq
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Agricultura e Pecuária anunciaram na segunda-feira, 17, uma linha de financiamento rural em dólar com taxa fixa voltada a produtores rurais que tenham receitas ou contratos em dólar. O valor será de R$ 2 bilhões, com taxa de juros de 7,59% ao ano, mais a variação cambial, e estará disponível a partir de maio.
Destinado para a aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas, a liberação visa fomentar a atualização tecnológica da frota de tratores e colheitadeiras agrícolas. No entanto, para a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o recurso ainda está aquém do necessário para contribuir com produtores de pequeno e médio porte que carecem de crédito.
“O recurso é positivo, só que voltado para grandes produtores e depende do juro internacional. Pode ser uma alternativa interessante para quem trabalha em dólar, mas abre uma complexidade para fazer uma composição de financiamento. Por isso, a gente acredita que o recurso é para o grande produtor que tem uma equipe financeira para operar isso”, diz Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq.
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, disse que esta é uma operação sem custo para o Tesouro e “uma nova forma de financiar o agro exportar, um modelo inteligente, que não pesa nos cofres públicos e dá competitividade aos nossos produtores”. Na ocasião, ele anunciou que irá estruturar novas linhas com a participação do Tesouro para atender quem produz, por exemplo, leite, feijão e arroz.
Apesar da novidade entre Mapa e BNDES, Pedro Estevão também comenta que os bancos privados já trabalhavam com esta linha em dólar como alternativa. “A taxa de juros brasileira está tão cara que compensa trabalhar com os juros de fora. Posso citar o Itaú e o banco da John Deere como alguns que fazem esta modalidade”, afirma.
Plano Safra para máquinas
No início de abril, a Abimaq havia solicitado incremento de R$ 17 bilhões para todas as linhas de crédito do Plano Safra 2022/2023 para incentivar a compra de máquinas, algo que ainda não aconteceu, segundo Estevão. “[O novo recurso] não é o que pedimos. O que pedimos foi um aporte para o Plano Safra, que estamos esperando há meses”, afirma.
Ele alerta que a morosidade para os novos valores do Plano Safra pode causar atraso na entrega dos maquinários solicitados à indústria.
“Tem muito negócio travado por falta de recurso [público], em que o produtor está fazendo pedido [de novas máquinas] e está travando lá na ponta. Precisamos dar vazão para as máquinas até maio ou junho. Se todo mundo deixar para comprar depois do Plano Safra, não vai dar para entregar todas as máquinas”, diz.
Agrishow e máquinas: expectativa de ao menos R$ 11 bi
Antes de conceder entrevista à EXAME, Pedro Estevão esteve em reunião sobre a Agrishow, maior feira agrícola da América Latina e conhecida por ser uma ocasião em que muitos produtores concluem compras para a safra de verão, que se inicia em setembro.
Ainda sem detalhes, ele diz que a expectativa é que o evento tenha a mesma performance do ano passado ou uma leve melhora. Em 2022, foram negociados R$ 11,2 bilhões em máquinas e implementos.
Por Exame