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quinta-feira, 23/10/2025

Líder do governo Lula diz que Planalto demorou para tirar aliados de deputados que não ajudaram

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catia seabra e carolina linhares
brasília, df (folhapress)

O líder do governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a saída dos cargos de pessoas indicadas por deputados que votaram contra a medida provisória que aumentava impostos demorou a acontecer, mas que era necessária.

Ele explicou em entrevista à Folha de S.Paulo que o governo percebeu tarde que não é justo um partido ter vários ministérios e não apoiar o governo.

De acordo com Guimarães, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), concorda com a mudança na distribuição dos cargos e que eles fizeram um acordo durante um jantar no domingo (19).

O líder do governo espera que essa reestruturação ajude na aprovação de projetos importantes até o fim do ano, como questões fiscais e o orçamento.

Após críticas públicas do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ao Congresso, Guimarães defende um clima de paz para avançar nos assuntos urgentes.

Pergunta: Como estão os projetos para compensar a perda da medida provisória de aumento de impostos?

Resposta: Precisamos criar condições para votar o orçamento e resolver o déficit de 35 bilhões de reais previsto na medida provisória que caducou. Vamos usar um projeto já em andamento sobre falsificação de bebidas para incluir medidas de redução de gastos, já que isso mostra compromisso do governo.

Esse projeto original trata de tornar crime grave a falsificação de bebidas, mas o governo vai aproveitar o momento para incluir cortes de despesas.

É uma boa estratégia para tentar convencer a oposição.

Nós queremos aprovar isso antes do recesso para garantir tranquilidade ao governo em 2026.

Sobre a taxação de apostas e fintechs, o líder não sabe se será possível votar este ano, mas acredita que haverá um projeto com urgência para isso.

Estamos empenhados em respeitar as regras fiscais, cortando gastos e aumentando receitas.

Mesmo com o clima eleitoral, acreditamos que é possível aprovar as votações necessárias.

O governo não aceitará o calendário de emendas na Lei Orçamentária, pois essa é uma decisão do Executivo.

Quando perguntado se a demissão dos indicados de parlamentares que votaram contra a medida piora o clima, Guimarães disse que não. Ele ressaltou que a recomposição dos cargos aconteceu após conversas entre Lula e Motta e é importante para os projetos do governo até as eleições.

Ele comentou que o governo poderia ter feito isso antes, mas alertou que estamos num processo de aprendizado.

O líder ainda explicou que Motta está ajudando na reorganização dos cargos junto aos partidos do centrão, como União Brasil e PDT, pois o governo precisa do Congresso para governar.

Sobre uma possível reforma ministerial incluindo o Republicanos, Guimarães disse que não há sinais disso, apenas uma reorganização dos órgãos.

Ele comentou que a ministra Gleisi Hoffmann e ele defendem o governo, enquanto Motta defende o Legislativo, explicando a importância da colaboração entre os poderes.

O líder ressaltou que as críticas do ministro da Fazenda ao Congresso são compreendidas, mas que agora é o momento de promover a paz.

Sobre um programa do PT que acusava o Congresso de proteger ricos e sabotar o governo, Guimarães disse que o Congresso tomou decisões duras para o governo, como a derrota do IOF e a votação sobre licenciamento ambiental, e que é natural que o governo tenha reagido.

Ele ressaltou que, embora o presidente da Câmara tenha dito que o Congresso está em um nível baixo, ele respeita as opiniões do presidente Lula.

Guimarães contou que conversou com Motta após as declarações e que o jantar entre Lula e Motta no Palácio do Alvorada foi um gesto importante para construir uma trégua.

Sobre as perspectivas para a eleição de 2026, o líder do governo defende uma ampla frente para a reeleição de Lula, incluindo partidos do centrão, mas ressaltou que isso é um processo em construção.

Quanto ao governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Guimarães acredita que ele dificilmente será candidato devido às ações que tomou, e indicou que pesquisas mostram Lula à frente em São Paulo.

José Guimarães, 66 anos, é advogado, deputado federal pelo PT com cinco mandatos consecutivos, e está no partido desde 1985. Atualmente, é líder do governo Lula na Câmara dos Deputados.

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