PAULO RICARDO MARTINS e NICOLA PAMPLONA
SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO, None (FOLHAPRESS)
O leilão do petróleo do pré-sal, realizado pelo governo nesta quinta-feira (26), contou com alta competição entre as petroleiras e superou as expectativas, gerando uma arrecadação potencial de R$ 28 bilhões para os anos de 2025 e 2026.
Essa receita integra um pacote apresentado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o objetivo de auxiliar no equilíbrio fiscal, diante das resistências à proposta de aumento do IOF.
O ministério havia projetado uma arrecadação inicial de R$ 25 bilhões com o leilão, mas o valor final poderá variar conforme o preço do petróleo na data da retirada das cargas nas plataformas de produção.
“Tivemos o maior número de vencedores, os maiores preços e estabelecemos recordes em relação aos valores adicionais pagos sobre os lotes. Certamente, foi um grande sucesso”, afirmou Luiz Fernando Paroli, presidente da estatal PPSA (Pré-sal Petróleo SA).
O petróleo comercializado nesta ocasião será produzido nos campos de Búzios, Mero, Sépia e Itapu, situados na Bacia de Santos, provenientes da parte do pré-sal garantida à União pelos contratos de partilha de produção firmados em 2010.
Foi o quinto leilão conduzido pela PPSA, criada para gerir esses contratos. No último evento, realizado em 2024, a União arrecadou R$ 17 bilhões com a venda de 37,5 milhões de barris desses campos.
Dez empresas competiram pelo petróleo disponibilizado pelo governo. Duas delas, a norueguesa Equinor e a americana ExxonMobil, participaram pela primeira vez dos leilões da PPSA e foram vencedoras de lotes neste leilão.
O modelo adotado premia a empresa ou consórcio que oferece o maior valor por barril, considerando lances atrelados à cotação internacional do Brent, negociada em Londres.
O lance vencedor do sexto lote, referente ao campo de Itapu, registrou o menor desconto já observado em leilões da PPSA, com apenas US$ 0,65 a menos que o preço do Brent na data da retirada do petróleo. Esse lote foi conquistado pelo consórcio formado pela chinesa Petrochina e a Refinaria de Mataripe, controlada pelo fundo Mubadala, de origem árabe, que ficou com dois dos sete lotes leiloados. A Petrobras ganhou três, enquanto a norueguesa Equinor e o consórcio da portuguesa Galp com a ExxonMobil ficaram com um lote cada.
Os vencedores assumem a responsabilidade de retirar o petróleo das plataformas em alto-mar, podendo exportá-lo ou vendê-lo no Brasil a preços livres.
No campo de Búzios, o segundo maior produtor nacional, a União detém 23,24% da produção após custos. Em Mero, a fatia é de 41,65%, enquanto em Sépia e Itapu são respectivamente 37,43% e 18,15%.
Ao todo, existem 24 contratos de partilha da produção, a maioria ainda sem operação significativa. Em alguns casos, a produção é pequena, e a PPSA realiza vendas em mercados de curto prazo. No último leilão de 2024, foram comercializados 37,5 milhões de barris de petróleo.