YURI EIRAS
Rio de Janeiro, RJ (FolhaPress)
O prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, vive um novo momento de disputa dentro do partido no Rio de Janeiro após a proposta de lançar o cantor Neguinho da Beija-Flor como candidato ao Senado.
Quaquá começou a divulgar o nome de Neguinho nas redes sociais em outubro. Entretanto, aliados como a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) e o deputado Lindbergh Farias (RJ) apoiam publicamente a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) para a mesma vaga no Senado.
Quaquá é líder do partido no estado, e seu filho Diego Zeidan é presidente do diretório estadual desde julho.
A candidatura de Neguinho enfrenta desafios, incluindo a falta de total comprometimento do próprio artista, que ainda não confirmou o envolvimento político.
A deputada Benedita disse ter recebido uma ligação de Neguinho, que teria manifestado apoio a ela durante a conversa.
Recentemente, Quaquá criticou nas redes sociais o deputado Lindbergh e o secretário de assuntos parlamentares do governo, André Ceciliano, por pouca menção ao presidente Lula (PT) em um vídeo da visita à cidade de Casimiro de Abreu, no norte do estado.
Quaquá sugeriu que eles estariam fazendo política independente com apoio da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
Lindbergh respondeu chamando Quaquá de “figura desprezível” e criticou sua postura dentro do partido, destacando a disputa pelo Senado.
O manifesto a favor de Benedita conta também com apoio da ministra Anielle Franco, que tem histórico de desavenças públicas com Quaquá.
Em janeiro, Quaquá levantou dúvidas sobre a inocência dos irmãos Brazão em um caso relacionado à morte da vereadora Marielle Franco, irmã da ministra Anielle, que respondeu com críticas e acionou a comissão de ética do partido contra ele.
No carnaval passado, Neguinho encerrou sua participação nos desfiles da Beija-Flor e agora está focado em shows e lançamentos musicais, dividindo seu tempo entre Brasil e Portugal.
Os aliados de Neguinho acreditam que ele pode atrair votos fora da base tradicional do PT, enfrentando concorrentes como Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o governador Cláudio Castro (PL).
O grupo que apoia o cantor vê potencial político semelhante ao de Romário (PL-RJ), ex-jogador que se destacou na política.
Já os defensores de Benedita ressaltam sua experiência política e capacidade de alcançar eleitores além da esquerda. Entre eles estão Anielle, Lindbergh, o presidente da Embratur Marcelo Freixo e membros do MST.
Na agenda com Lula, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), fez referência à deputada Benedita como “senadora”, em tom de brincadeira.
Neguinho está filiado há mais de dez anos ao PL, partido do prefeito de Nilópolis, Abraãozinho, sobrinho do patrono da Beija-Flor, Anísio Abraão David.
O setor jurídico do PT já trabalha para desfiliação do cantor ao PL.
Neguinho tem uma relação próxima com Lula. Em 2009, durante tratamento contra o câncer, ele realizou um casamento simbólico na Marquês de Sapucaí, convidando o então presidente para ser padrinho.
Lula acompanhou o evento; a deputada Benedita da Silva e o ator Antônio Pitanga também estavam presentes.
Nas eleições de 2024, Neguinho criou jingles para candidatos do PT em diversas cidades e também apoiou campanhas de outros partidos, mostrando sua influência na política local.
