O real está entre as moedas emergentes de pior desempenho desde a eleição presidencial devido à perspectiva de piora do cenário fiscal
Os juros elevados do Brasil são insuficientes para assegurar a apreciação do real, que deve ser pressionado em 2023 com o PIB menor e o maior risco fiscal, diz Ronaldo Patah, estrategista de investimentos da UBS Consenso.
“O crescimento pesa mais do que o diferencial de juros”, disse o estrategista da gestora de fortunas do UBS do Brasil, que prevê desaceleração do PIB para alta de 0,7% no próximo ano, abaixo dos 3,1% estimados para 2022.
O dólar deve chegar a R$ 5,50 no final de 2023, segundo Patah. Ele prevê uma pequena desvalorização do real no próximo ano, em contraste com a mediana dos economistas da pesquisa Focus do BC, que estimam um dólar a R$ 5,25, ante o patamar atual perto de R$ 5,30.
O dólar também deve ser favorecido globalmente pelo cenário de juros ainda elevados nos EUA, segundo o estrategista. O próximo ano pode ser de inflexão nos países ricos, com alívio inflacionário e fim do aperto monetário, mas a melhora não será imediata e as taxas americanas vão permanecer altas por algum tempo. “Ainda estamos defensivos sobre o mercado global.”
O real está entre as moedas emergentes de pior desempenho desde a eleição presidencial com a visão de piora do cenário fiscal diante do esperado aumento de gastos sociais.
Desde que o cenário fiscal não sofra uma piora adicional além da já precificada, a queda da inflação e desaceleração do crescimento em 2023 deve permitir ao BC cortar os juros em junho de 2023, diz Patah. “A curva de juros brasileira já tem bastante prêmio.”