Em entrevista, nesta segunda (2/4), o ex-juiz afirmou que concorrerá nas eleições, mas sem definir a qual cargo. Ele defendeu ainda ser contra o “controle social da mídia”
“Devo ser candidato sim nessas eleições, isso está sendo discutido dentro do partido. Tenho que tomar essa decisão”, disse Moro em entrevista à CNN. O ex-ministro da Justiça se classifica como um “soldado da democracia”, e defende sua atuação para viabilizar uma alternativa a Lula (PT) e Bolsonaro (PL).
“Hoje, o que nos temos ainda está em discussão. O União Brasil escolheu Luciano Bivar [para o Planalto]. Eu sou um soldado da democracia, jogo em qualquer posição. O importante é a gente voltar a crescer”, afirmou. Moro disse ainda que a troca que fez do Podemos pelo União Brasil foi calculada para permitir que ele continue defendendo pautas como o combate à corrupção.
Derrota em comitê da ONU e caso Daniel Silveira
Moro voltou a criticar decisão do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) que definiu a atuação dele contra Lula no âmbito da Lava-Jato como parcial. Segundo o ex-juiz, a posição do órgão internacional foi definida com base em um “erro” do Supremo Tribunal Federal (STF). “Têm votos vencidos que qualificam isso [a suspeição de Moro] como um acerto de contas politico”, disse.
Já quanto ao deputado federal Daniel Silveira (PTB), condenado pelo STF a 8 anos de 9 meses de prisão, mas agraciado com indulto por Bolsonaro, Moro afirmou que houve erros de todos os envolvidos.
“Pra mim, ali houve uma sucessão de erros: o deputado se excedeu e atacou, fez ameaças físicas a ministros do Supremo, isso não está dentro da liberdade de expressão. Do outro lado, o STF deu uma pena excessiva, mais de 8 anos de prisão para ameaças físicas que eram graves, mas verbais”, defendeu.
Por fim, Moro disse que o indulto de Bolsonaro também foi um erro, e que o presidente poderia ter dado um indulto parcial para que ele “cumprisse uma pena de prestação de serviços, por exemplo”.
Contra o “controle social da mídia”
Questionado sobre a regulamentação da imprensa, o ex-ministro declarou ser “absolutamente contra o controle social da mídia”, e afirmou que quem defende isso seria Lula. “É uma forma disfarçada de voltar a censura. Vai ter um conselho de jornalistas indicado por partidos, por sindicatos para controlar o que a imprensa vai falar, vai transmitir?”, questionou.
Moro também disse ser “absolutamente contra” ataques de qualquer espécie a jornalistas”. Segundo o ex-juiz, “a imprensa merece críticas, isso faz parte da liberdade de expressão, mas sem baixar nível de ficar ofendendo jornalistas”.