O Irã anunciou que não permitirá a realização de inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) nas suas principais instalações nucleares localizadas em Fordow, Natanz e Isfahan, áreas de enriquecimento de urânio bombardeadas recentemente pelos Estados Unidos. A suspensão temporária da cooperação com a agência foi comunicada na quinta-feira, dia 26, pela Embaixada do Irã em Brasília.
Em resposta a questionamentos do Estadão/Broadcast, o embaixador iraniano no Brasil, Abdollah Nekounam, declarou que o Conselho de Guardiões do Irã aprovou uma resolução – já aprovada pelo Parlamento – que obriga o governo a interromper toda colaboração com a entidade da ONU, conforme previsto no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
O Conselho de Guardiões, um órgão influente no sistema político do país composto por 12 membros entre clérigos e juristas, supervisiona eleições e aprova leis para garantir sua conformidade com a lei islâmica.
A suspensão não tem prazo definido, mas, segundo o embaixador, será apenas temporária. A agência iraniana Tasnim informou que 221 legisladores votaram a favor da medida por unanimidade e que a paralisação continuará até que sejam garantidas medidas de proteção para cientistas e centros nucleares.
A ONU, por meio da AIEA, vinha exigindo maior transparência e solicitava um acordo para que os técnicos da agência pudessem acessar as instalações no Irã, com o objetivo de avaliar os danos e os riscos para a retomada das operações após os ataques. O governo iraniano, contudo, acusou os Estados Unidos de realizarem tais ações “sob a sombra da indiferença e até com o apoio da AIEA”.
Em relatório de maio, a AIEA alertou que o Irã estava enriquecendo urânio a 60%, acelerando em direção ao nível de 90% necessário para produzir uma bomba atômica.