Mercado espera que presidente do Federal Reserve esclareça meta de inflação média e siga linha de estímulos
A bolsa brasileira recua nesta quarta-feira, 16, puxada pelas ações de empresas exportadoras, que se desvalorizam em meio à queda do dólar contra o real. No mercado, os investidores aguardam o pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, após a decisão sobre a taxa de juros americana, às 15h. No cenário local, também há grande expectativa para o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom). Às 11h10, o Ibovespa, principal índice da B3, caía 0,35% para 99.946 pontos.
De acordo com analistas da Exame Research, existe alguma precaução antes das decisões. “Apesar das expectativas positivas, os investidores adotam uma postura ligeiramente mais cautelosa”, comentam em relatório.
“Nesta semana tem decisão de juros do Fed, Copom, Bank of England e Bank of Japan. Quando isso acontece, os investidores ficam mais ressabiados, mais atentos. Ainda mais depois das fortes realizações nas bolsas internacionais”, afirma Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Financial Partnership.
EUA
Embora a taxa de juros americana deva se manter inalterada no intervalo entre 0% e 0,25%, há esperança de que o Federal Reserve sinaliza continuidade das medidas de estímulo, como recompra de títulos, e esclareça alguns pontos da adoção de meta de inflação média, anunciada no fim de agosto em Jackson Hole. “O mercado quer saber por quanto tempo vai ficar essa meta de inflação média e o que isso efetivamente significa”, comenta Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. A fala de Jerome Powell está agendada para às 15h30. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 sobe 0,4% e o Nasdaq, 0,43%.
Copom
No Brasil, o Copom irá divulgar o resultado somente após o fechamento dos mercados, às 18h. Até lá, os investidores, que esperam pela manutenção da taxa Selic em 2% ao ano, devem seguir se perguntando se a porta para novos cortes deve seguir aberta. Na ata da última reunião, o Copom sinalizou que eram novos cortes ainda eram possíveis, mas que se fossem feitos, seriam residuais. Mas a elevação do risco fiscal em meio ao aumento de gastos do governo e o aumento da inflação presente nos últimos indicadores de preço reduziram a expectativa do mercado sobre um novo corte.
“Na minha opinião, não tem espaço para novos cortes. Então, acredito que essa parte [sinalização de novos cortes] deve retirada do comunicado”, afirma Pedro Silveira, economista-chefe da Nova Futura, que classifica os riscos fiscais e de inflacionário como possíveis sensíveis a uma nova queda de juros.
Vendas no Varejo
Nesta manhã, os EUA divulgaram os dados de vendas no varejo de agosto, que tiveram 0,6% de alta mensal, ficando abaixo das expectativas de 1% de crescimento. Na véspera, os dados americanos de produção industrial também decepcionaram.
Exportadoras
As ações das principais exportadoras do Brasil figuram entre as maiores quedas do Ibovespa e puxam o índice para baixo, tendo como pano de fundo a desvalorização do dólar. Na ponta negativa, as ações da Suzano caem 3,2%, enquanto sua concorrente Klabin 2,2%. As mineradoras Vale e CSN ainda tem o fator adicional da queda de 5% do minério de ferro, e recuam 2,4% e 2,2%, respectivamente. Já o frigorífico Marfrig recua 2,75% e JBS 1,91%.