Mercado teme que ata tenha abordado a à alta da inflação americana, que já preocupa investidores do mundo todo
O Ibovespa abriu em queda nesta quarta-feira, 19, com investidores fugindo de ativos de risco com medo de que o FOMC (comitê de política monetária dos Estados Unidos) tenha abordado alguma cautela sobre a inflação na ata de última reunião, que será divulgada nesta tarde. Às 10h15, o principal índice da B3 caía 1,08% para 121.647 pontos.
O medo de inflação tem sido o principal tema do mercado desde abril, com os índices de preços subindo em ritmo acelerado no mundo inteiro. Na principal economia do mundo, a inflação anual já está em 4,2%. Embora os presidentes dos principais bancos centrais venham afastando qualquer possibilidade de aperto monetário, investidores temem que os estímulos tenham que ser cortados antes do esperado.
O próprio presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, já chegou a dar respostas dúbias, sinalizando a manutenção dos estímulos, mas alertando que não irá deixar a inflação superar “substancialmente” a meta de inflação de 2% ao ano. Embora o Fed tenha batido na tecla de que a inflação é apenas temporária, a forte recuperação da economia americana tem levantado dúvidas nesses aspecto. Por lá, setores como o de construção civil e varejo estão muito mais aquecidos do que no período pré-pandemia.
No Brasil, a segunda prévia do IGP-M de maio acelerou de de 0,26% na primeira prévia para 3,83%. O número ficou 36% acima das projeções de mercado de 2,81%. O IGP-M acumulado em 12 meses já supera 30%.
André Perfeito, economista-chefe da Necton, chama atenção para a diferença do Índice de Preço ao Consumidor (que tem mais peso no IPCA) e o Índice de Preço ao Produtor (com maior participação no IGP-M). “Este deslocamento sugere que não estão conseguindo repassar a alta dos custos, apontando para a redução das margens de lucro de maneira generalizada. Se isso se confirmar, investimentos podem ser comprometidos”, afirma em nota.