O Ibovespa encerrou a semana em baixa de 1,15%, atingindo 137.115,83 pontos, recuando para a faixa dos 137 mil pontos em um dia marcado pelo vencimento de opções sobre ações. Após uma tentativa de recuperação durante a segunda-feira, quando o índice chegou perto dos 140 mil pontos, o fechamento da semana mostra uma estabilidade quase neutra quanto aos resultados do mês e da semana.
O volume financeiro do dia alcançou R$ 31,3 bilhões, principalmente influenciado pelo vencimento das opções. No acumulado do ano, o índice apresenta alta de quase 14%. Embora o preço do petróleo tenha continuado volátil, as ações da Petrobras se destacaram positivamente dentro do índice, enquanto Vale e bancos importantes apresentaram perdas expressivas.
Entre as maiores altas estão TIM, Telefônica Brasil e PetroReconcavo, enquanto as maiores quedas ficaram com Cosan, Vamos e Petz. Segundo o operador Guilherme Petris, da Manchester Investimentos, o mercado demonstrou um ajuste mais acentuado nas ações mais impactadas pela alta dos juros, especialmente aquelas com maior alavancagem.
O movimento do dia foi influenciado pelo comunicado rigoroso do Banco Central, que elevou a taxa Selic para 15% ao ano e indicou a intenção de manter a taxa elevada por um período prolongado, sinalizando que não há previsão de cortes próximos. O economista-chefe Luis Cezario, da Asset 1, ressalta que essa postura busca evitar que o mercado antecipe um afrouxamento prematuro da política monetária. Por sua vez, a economista Bruna Centeno, da Blue3 Investimentos, comenta que o mercado estava dividido quanto à decisão do Copom e o resultado foi mais hawkish do que muitos esperavam.
O dólar teve valorização de 0,44%, encerrando o dia cotado a R$ 5,5249, pressionado pelo fortalecimento da moeda americana frente a divisas emergentes e preocupações geopolíticas, como o conflito entre Irã e Israel. A economista-chefe Cristiane Quartaroli, do Ouribank, destaca a influência das condições geopolíticas e o ajuste após a recente valorização do real. Mesmo com a alta de hoje, o dólar fecha a semana em leve queda e o real mantém desempenho relativamente bom entre as moedas emergentes.
O mercado de juros mostrou movimentos distintos, com os títulos de longo prazo renovando mínimas intradiárias, enquanto a parte curta da curva subiu, refletindo a expectativa de manutenção da Selic em patamar elevado até o fim de 2025. O Copom surpreendeu o mercado ao elevar a Selic e indicar que interromperá o ciclo de aperto na próxima reunião para avaliar os efeitos da política monetária. Essa postura reflete confiança do Banco Central na meta de inflação e cria espaço para cortes futuros, possivelmente somente em 2026, conforme avaliações de analistas e bancos como o JPMorgan e BTG Pactual.
O cenário atual sugere um mercado ajustando-se a um contexto de juros altos por um período estendido, impactando diretamente os preços das ações e moedas, enquanto os investidores acompanham de perto as decisões do Banco Central e os desdobramentos geopolíticos globais.