Senadores devem votar proposta nesta quinta, após adiamentos para conseguir apoio
O Ibovespa sobe 2,64% para 103.432 pontos às 12h desta quinta-feira, 2, com investidores atentos ao Senado, onde deve ser votada a PEC dos Precatórios ainda hoje. O mercado de câmbio também reage positivamente, com o dólar operando em queda de 0,59%, a 5,638 reais.
A votação já foi adiada duas vezes nesta semana para que parlamentares conseguissem maior apoio. A expectativa é de aprovação da proposta, que libera espaço fiscal em 2022 para o pagamento do novo programa social do governo, o Auxílio Brasil, por meio de uma manobra no cálculo da regra do teto de gastos. A aprovação é vista como positiva pelo mercado, que teme piores alternativas para as contas públicas caso a PEC não seja aprovada.
Economistas também avaliam os dados do PIB do terceiro trimestre, que apontou nova retração de 0,1%, assim como no período anterior. A expectativa era de leve crescimento de 0,1%. Na comparação anual, a expansão foi de 4%, abaixo dos 4,2% projetados pelo mercado.
“Era esperado que o setor agro fosse o impacto negativo no trimestre e de fato foi. Já o destaque positivo foi o setor de serviços, dado que foi o trimestre de reabertura, com a maior vacinação no período”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Nos Estados Unidos, os principais índices de ações abriram em alta, recuperando parte das perdas, após caíram na véspera, com a primeira constatação da variante Ômicron no país e falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que avalia acelerar a retirada de estímulos para conter a inflação. Apesar do tom positivo, o índice Nasdaq, com maior concentração de empresas de tecnologia, tem o pior desempenho, subindo 0,64% contra 0,92% do S&P 500 e 1,08% do Dow Jones. Em tese, perspectivas de aperto monetário tendem a pesar mais sobre ações do setor, muitas vezes negociados com múltiplos mais altos, dada a perspectiva de crescimento.
No mercado europeu, os impactos estão sendo precificados somente hoje, já que as bolsas já estavam quando os índices americanos viraram para queda, na véspera. Por lá, o Stoxx 600 recua 1,7%, com destaque para o índice Dax, da Alemanha, que recua 1,8%.
Na bolsa brasileira, as ações de energia elétrica figuram entre as maiores altas do pregão, com CPFL (CPFE3), Eletrobras (ELET6) e Taesa (TAEE11) subindo 6,45%, 5,43% e 5%, respectivamente. No radar, está o anúncio de proventos aos acionistas da Taesa, que irá pagar 523 milhões de reais aos investidores, sendo 202 milhões em JCP e 320 milhões em dividendos. Investidores também repercutem a notícia de que o governo irá limitar o uso de termoelétricas, com a melhora das perspectivas climáticas para os próximos meses.
“A diminuição no custo marginal elétrico deve retirar ao menos em parte a pressão de custos em cima das distribuidoras. Ademais, a melhora na hidrologia também deve se refletir em menores preços de liquidação de diferenças para os geradores, diminui o seus custos com compras energéticas e contribuindo para a obtenção de melhores margens”, avaliam em nota analistas da Ativa.
Agitando as notícias do setor, a Energisa (ENGI3) também soltou um fato relevante, em que informa sobre a compra de 100% da SPE Paranaíta por 100,7 milhões de reais. De fora do Ibovespa, as units da companhia sobem 4,7%.
O setor de saúde é outro a apresentar forte valorização, com NotreDame (GNDI3), Qualicorp (QUAL3) e Hapvida (HAPV3) registrando altas de mais de 5%.
O dia também é de recuperação das ações de tecnologia, que estiveram entre as maiores perdas dos últimos pregões, com o aumento da expectativa de aperto monetário nos Estados Unidos. Nesta quinta, as ações da Totvs (TOTS3) sobem 5,20%, as da Locaweb (LWSA3), 2,50% e as da Méliuz (CASH3) 3,20%.
Com poucas ações sendo negociadas em queda, os papéis da Suzano (SUZB3) são destaque negativo. Nesta sessão, as ações da companhia exportadora de celulose caem 3,2%, após ter sido uma das poucas a fecharem em alta no último pregão, acompanhando a valorização do dólar. Já as ações da PetroRio (PRIO3) caem 0,98% em linha com a queda do petróleo no exterior. O movimento ocorre enquanto traders aguardam pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+), que irá definir os novos ritmos de produção em meio às incertezas sobre a nova cepa do coronavírus.