NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) anunciou na manhã desta terça-feira (17) a concessão de 19 novas áreas destinadas à exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, localizada no Amapá. A região tem sido palco de manifestações de grupos ambientalistas e gerado debates dentro do próprio governo.
As empresas que venceram o leilão foram a Petrobras, as americanas Exxon e Chevron, e a chinesa CNPC, com um pagamento acumulado de bônus de assinatura que totalizou R$ 844 milhões. A área exploratória concedida soma 16,2 mil quilômetros quadrados.
Esta é a primeira vez desde 2003 que áreas nesta bacia são atribuídas em leilões governamentais. Nos anos recentes, os processos para obtenção de licenças ambientais dificultaram o interesse dos investidores.
O leilão ocorrido hoje pode representar a última chance para as petroleiras, já que as aprovações ambientais interministeriais expiraram nesta quarta-feira (18). A ANP disponibilizou 47 áreas no total.
A Foz do Amazonas é vista pelo governo e pelas empresas do setor como a principal alternativa para renovação das reservas brasileiras de petróleo, especialmente após a previsão de esgotamento do pré-sal na próxima década. A região ganhou destaque após grandes descobertas de petróleo na Guiana e no Suriname.
Durante o leilão, as áreas foram disputadas por dois consórcios; um formado pela Petrobras e Exxon e outro pela Chevron e CNPC.
A Petrobras está organizando um simulado de perfuração em um bloco da Foz do Amazonas concedido em 2003, etapa considerada crucial antes da obtenção da licença ambiental definitiva para exploração em águas profundas na região.
A sonda responsável pelo simulado partiu do Rio de Janeiro no dia 7 de junho em direção ao Amapá e, conforme dados recentes do Marine Traffic, está atualmente ancorada próxima a Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.
Antes da bacia da Foz do Amazonas, a ANP ofertou um bloco exploratório na bacia do Parecis, no Mato Grosso, local que o setor acredita ter potencial para descobertas de gás natural. Este bloco foi adquirido pela nova participante do mercado, Dillianz.
Parecis também é considerada uma área nova para exploração, sem produção atual de petróleo ou gás, atraindo investidores por sua localização em região de significativo crescimento econômico e distante da malha de gasodutos nacional.
A ANP planeja realizar leilões futuros nas bacias de Santos, Potiguar e Pelotas, esta última também despertando forte interesse devido às semelhanças geológicas com áreas de sucesso na costa africana.
Enquanto o evento ocorre, organizações ambientalistas e representantes de povos indígenas realizam protestos em frente ao hotel onde o leilão se realiza, na zona oeste do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal do Pará tentou impedir judicialmente a realização do leilão, mas a ação não foi acatada.