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quinta-feira, 16/10/2025

Governo impede convocação do irmão de Lula na CPI do INSS e evita quebra de sigilo de Lupi

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Caio Spechoto
FolhaPress

Os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS impediram hoje (16) a convocação de José Ferreira da Silva, irmão do presidente. Também foi retirado da pauta, sem votação, o pedido para quebrar o sigilo financeiro e telefônico do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi.

Conhecido como Frei Chico, o irmão do presidente é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das entidades investigadas pela CPI. Ele é um dos principais alvos dos opositores, que querem desgastar o governo explorando sua ligação familiar. O pedido para convocar Frei Chico foi rejeitado por 19 votos contra 11.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), tentou retirar o pedido da pauta antecipando sua provável rejeição, mas não conseguiu.

Pedidos para investigação e quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do ex-ministro Carlos Lupi, além do relatório das transações financeiras dele, foram retirados da pauta após acordo entre o deputado governista Paulo Pimenta (PT-RS) e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).

Este acordo foi discutido entre eles e o presidente da CPI, Carlos Viana (Podemos-MG), antes das reuniões do colegiado. Lupi é presidente do PDT, partido aliado de Lula.

Os aliados do governo também ganharam a aprovação para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) prepare um relatório sobre as finanças do advogado Eli Cohen entre 2015 e 2025. Cohen foi um dos primeiros a investigar os descontos irregulares em benefícios e já depôs na CPI. O requerimento foi aprovado por 21 votos contra 10.

Sóstenes Cavalcante votou com o governo para pressionar outros membros da comissão a aprovarem mais convocações como a de Frei Chico.

Em bastidores, governistas dizem que Cohen tem ligação com a oposição. Na quarta-feira (15), a Folha divulgou áudio em que Cohen conta ter recebido instruções do marqueteiro do PL, Duda Lima, para se comportar na comissão. Cohen declarou que sofre uma ‘destruição de caráter’ por revelar irregularidades.

O governo também evitou a quebra de sigilo da publicitária Danielle Miranda Fontelles, que já trabalhou em campanhas do PT. Documentos da CPI indicam que ela recebeu R$ 5 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, uma figura central no escândalo de descontos em aposentadorias, cuja defesa nega irregularidades. O pedido de quebra de sigilo dela foi rejeitado por 19 votos contra 11.

Essas vitórias no plenário mostram a reorganização do governo, que recuperou a maioria dos votos na CPI após perder a presidência nela.

Os aliados de Lula contaram com o apoio dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para eleger o senador Omar Aziz (PSD-AM) presidente da CPI e o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) como relator.

No entanto, a oposição se organizou no dia anterior e conseguiu eleger o senador Carlos Viana (Podemos-MG) como presidente e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) como relator da CPI.

As votações aconteceram antes do depoimento de Cícero Marcelino, apontado como operador do esquema de descontos ligado à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).

A Conafer teve R$ 796,8 milhões em transações suspeitas de 2022 a 2025, segundo relatório do Coaf. O presidente da entidade, Carlos Roberto Ferreira Lopes, afirmou que houve problemas na entidade, mas que foram resolvidos e R$ 170 milhões foram devolvidos.

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