O programa Alfabetiza São Paulo, oferecido e jovens e adultos com mais de 15 anos analfabetos, foi cancelado depois que o governo de São Paulo decidiu não renovar os convênios com as entidades parceiras para 2015. Cerca de 9,3 mil alunos estavam matriculados no ano passado em todo o estado, de acordo com o governo.
A Secretaria da Educação do Estado disse, em nota, que o ensino fundamental é de responsabilidade prioritária das Prefeituras, mas que decidiu participar de forma colaborativa com a alfabetização de jovens e adultos com o programa. Nos últimos anos, a demanda pelos cursos caiu 74%, segundo o governo paulista. Por isso, não houve renovação.
Uma das entidades conveniadas, a Associação Alfasol (antiga Alfabetização Solidária) chegou a ter três mil alunos em 200 turmas do programa nas zonas Norte e Sul da capital, além da Baixada Santista, Ribeirão Preto, Espírito Santo do Pinhal, Botucatu e Capivari. Para cada turma, a organização recebia R$ 6,5 mil por ano.
Segundo o coordenador de programas da AlfaSol, Bruno Novelli, o diferencial do programa Alfabetiza São Paulo era conseguir chegar até os alunos que não têm acesso aos cursos da rede pela distância das escolas.
“A demanda é dispersa, então era um diferencial oferecer as aulas direta na comunidade porque o perfil desse aluno é diferente: pessoas que têm familia, trabalho, e que ainda têm que achar um tempo para estudar”, explicou Novelli.
A Secretaria de Educação não divulgou o número de entidades conveniadas. No entanto, informou que os adultos e jovens que quiserem voltar às salas de aulas terão vaga na rede estadual por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e diz que a pasta possui a modalidade presencial e flexível do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio.
Na modalidade presencial, o estudante frequenta as aulas no período noturno de segunda à sexta-feira. Aqueles que dão preferência a uma carga horária mais flexível, a Secretaria apontou 31 unidades do Centro de Educação para Jovens e Adultos (Ceeja) em funcionamento na capital e interior.
O coordenador da Associação AbraSol defendeu que o fim do convênio foi muito abrupto e que o acesso às aulas não é tão simples.
“A metodologia usada era elaborada para acolher e estimular os alunos a continuarem na escola depois da alfabetização. Uma coisa é criar caminhos para aluno, outra é não dar nenhuma possibilidade. Se o governo está em um momento de corte de custos, que isso seja feito de forma responsável”, defendeu.
O G1 procurou a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, mas até esta publicação a administração municipal não havia informado se possui algum programa que possa contemplar as entidades até então conveniadas ao governo estadual para atender os alunos que participavam do Alfabetiza São Paulo.