Honore Ode, 32 anos, natural do Benim, na África, e residente em Florianópolis (SC), foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na quarta-feira (3/12) por ser o responsável por um esquema complexo de estelionato virtual que atingia vários estados brasileiros. A 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural) realizou a Operação The Rock, cumprindo mandado de prisão preventiva e busca e apreensão contra Honore.
O estudante de cinema da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi descrito pelos policiais como especialista em criar histórias convincentes. Ele utilizava redes sociais e WhatsApp para se passar pelo famoso ator de Hollywood Dwayne “The Rock” Johnson, atraindo principalmente mulheres brasileiras com promessas falsas de recompensas internacionais e sedução.
Segundo a Polícia Civil, Honore Ode iniciava as conversas com mensagens carinhosas, elogios e conteúdos bem elaborados, sempre mantendo a falsa identidade do ator. Ele oferecia prêmios fictícios — começando por um iPhone e chegando a quantias de até 800 mil euros — ganhando a confiança das vítimas por meio de contatos frequentes, atenção constante e perfis falsos com aparência profissional.
Golpe e contato
O golpe começava quando Honore avisava que a vítima havia sido “sorteada” por seguir o perfil do ator. Depois, pedia o número pessoal para “enviar o prêmio”. A conversa era então transferida para o WhatsApp, enviando mensagens de um número com código internacional de Portugal (+351), para dar uma impressão de procedência internacional.
Ele enviava um documento falso, supostamente um contrato de recebimento, com logotipos inventados, termos em inglês e uma cláusula para passar segurança, afirmando que a vítima poderia registrar queixa em qualquer delegacia caso não recebesse o prêmio dentro de 72 horas — prazo que reforçava uma falsa formalidade.
Após a assinatura forjada, Honore exigia o primeiro pagamento: R$ 2.850,00, suposta taxa internacional para liberar a encomenda. A comunicação progredia com urgências e expressões afetivas, sempre com novas desculpas para atrasos, justificando pedidos contínuos de pagamentos.
Manipulação emocional e prejuízos
Uma vítima de 49 anos, moradora da Vila Estrutural, acreditou na história após várias conversas marcadas por empatia fingida, promessas de retorno financeiro e documentos falsos que pareciam oficiais. Entre 28 de agosto e 15 de setembro de 2025, ela fez nove transferências via Pix, totalizando R$ 9,78 mil, divididas em:
- R$ 2.800 — taxa internacional de envio;
- R$ 1.500 — motivo de suposto acidente do caminhão da transportadora;
- R$ 1.000 — complemento do seguro da carga;
- R$ 550 — liberação da entrega;
- R$ 1.350 — entrevista obrigatória para receber o prêmio;
- R$ 1.530 — taxas alfandegárias adicionais;
- Pagamentos menores subsequentes, sempre motivados por novas desculpas do criminoso.
Outras vítimas em vários estados também relataram perdas significativas, como no caso de uma pessoa em Minas Gerais que sofreu um prejuízo próximo de R$ 80 mil.
Investigação e prisão
A Polícia Civil deflagrou a Operação The Rock na quinta-feira (4/11), cumprindo os mandados de prisão preventiva e busca e apreensão em Florianópolis e Itajaí, com apoio da Polícia Civil de Santa Catarina. Foram apreendidos celulares, notebooks e outros dispositivos eletrônicos usados para aplicar os golpes. A perícia agora trabalha para identificar novas vítimas e rastrear as transações financeiras do esquema.
Honore Ode responderá por estelionato eletrônico, crime cuja pena pode chegar até oito anos de prisão.

