20.5 C
Brasília
terça-feira, 02/12/2025

Gerente obriga meninas negras a levantarem blusa em loja

Brasília
nuvens dispersas
20.5 ° C
20.5 °
18.9 °
83 %
2.1kmh
40 %
ter
30 °
qua
25 °
qui
21 °
sex
23 °
sáb
20 °

Em Brasília

Foi sob a alegação de ter notado um suposto “comportamento estranho” pelas câmeras de segurança que a gerente da loja Império das Maquiagens submeteu três adolescentes negras, com idades entre 12, 13 e 15 anos, a uma revista íntima improvisada e humilhante dentro do JK Shopping.

Em um corredor de emergência, longe da vista do público, as jovens foram forçadas a levantar as próprias blusas para comprovar que não escondiam mercadorias em seus corpos.

O caso foi registrado na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte). De acordo com o boletim de ocorrência, as vítimas haviam acabado de realizar compras na própria loja de cosméticos.

Ao saírem do estabelecimento, perceberam que estavam sendo acompanhadas, mas seguiram para o banheiro do shopping. Ao saírem do toalete, foram abordadas por uma mulher identificada como Camila, gerente da Império das Maquiagens.

A gerente, alegando suspeitar do comportamento por meio das câmeras, ordenou que as adolescentes a acompanhassem. Escoltadas por dois seguranças do shopping, uma mulher e um homem, foram levadas a uma área isolada e restrita, longe da circulação dos outros clientes.

Revista íntima

No local reservado, o clima ficou tenso. A gerente exigiu que elas esvaziassem as bolsas e bolsos. Insatisfeita com a revista nos pertences, pediu que levantassem as blusas para verificar se escondiam algum produto nas roupas íntimas ou na cintura.

Além da revista, a gerente questionou verbalmente se as garotas teriam descartado algum item nos banheiros antes da abordagem. As adolescentes negaram qualquer irregularidade.

Ao final, nada de irregular foi encontrado. A gerente apenas informou que elas estavam liberadas, sem pedir desculpas pelo constrangimento causado.

A família das vítimas acionou a Justiça imediatamente. Ricardo Castro, advogado das adolescentes, classificou a ação como abusiva, ilegal e discriminatória, ressaltando o perfil racial das abordadas, que foram escolhidas por um critério subjetivo de “estranheza”.

“Um absurdo. Três adolescentes negras levadas a uma sala reservada e revistadas intimamente, algo proibido por lei. Primeiro por serem mulheres, depois adolescentes e, por fim, por serem negras. Vejo racismo estrutural neste caso”, afirmou Ricardo Castro.

Posicionamento dos envolvidos

A administração do shopping confirmou o ocorrido na loja Império das Maquiagens, onde clientes relataram terem sido constrangidas durante o atendimento.

“Logo após o relato, a segurança do shopping foi acionada pela própria loja e acompanhou a situação para garantir a integridade de todos”, declarou em nota.

O shopping destacou que não apoia qualquer tipo de constrangimento, discriminação ou comportamento inadequado nas suas dependências. “Nosso compromisso é manter um ambiente seguro, acolhedor e respeitoso para clientes, colaboradores e lojistas.”

A administração informa que está dialogando com a loja e colaborando com as autoridades competentes, oferecendo todo o suporte necessário.

Até o fechamento da reportagem, o proprietário da Império das Maquiagens, Victor Albuquerque, não havia se pronunciado. O espaço permanece aberto para manifestações.

Veja Também