ANDREZA DE OLIVEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Uma pesquisa recente publicada na revista científica Advanced Science mostrou que praticar exercícios físicos moderados regularmente pode auxiliar na manutenção de níveis adequados de vitamina D durante períodos com menos exposição solar, como o inverno.
O estudo, conduzido no Reino Unido, acompanhou pessoas com sobrepeso e obesidade que participaram de um programa de exercícios em ambiente fechado por dez semanas durante o inverno local. Aqueles que se exercitaram tiveram uma diminuição menor nos níveis de vitamina D, mesmo sem perda de peso, em comparação com os que não praticaram atividades físicas.
Segundo a pesquisa, quem fez exercícios teve uma redução aproximada de 15% na vitamina D, enquanto quem permaneceu sedentário apresentou uma queda de cerca de 25%. O peso dos participantes permaneceu estável, indicando que níveis saudáveis de vitamina D não estão necessariamente ligados à perda de peso.
Marise Lazaretti, médica endocrinologista e diretora científica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica que pessoas com sobrepeso e obesidade tendem a apresentar deficiência de vitamina D porque essa vitamina se acumula no tecido adiposo, funcionando como se fosse capturada por ele.
O estudo foi realizado com 50 participantes entre outubro e abril, que inclui outono, inverno e parte da primavera no Reino Unido. Os participantes foram orientados a não consumir suplementos de vitamina D durante o período.
Os exercícios incluíram quatro sessões semanais com duas caminhadas na esteira, um passeio mais longo de bicicleta e uma sessão intervalada de ciclismo em alta intensidade.
Desenvolvida por pesquisadores das universidades de Bath, Birmingham e Cambridge, a pesquisa indicou que a prática de exercícios ajuda a manter a forma ativa da vitamina D no organismo, chamada calcitriol, que é o metabólito ativo responsável pelos seus efeitos fisiológicos.
Oly Perkin, principal autor do estudo e membro do Centro de Nutrição, Exercício e Metabolismo da Universidade de Bath, destaca que esta é uma das primeiras evidências mostrando que o exercício pode proteger contra a queda de vitamina D no inverno, ressaltando que ainda há muito a aprender sobre os benefícios da atividade física para a saúde.
Marise Lazaretti comenta que a pesquisa, embora pequena, é promissora ao indicar que melhorar os níveis de vitamina D pode estar relacionado aos exercícios físicos e ao seu metabolismo.
Em casos de deficiência severa, os sintomas podem incluir fraqueza muscular e óssea devido à menor calcificação dos ossos. Essa condição ocorre após longos períodos e pode afetar o metabolismo de forma geral, aumentando riscos para diabetes, infecções e até câncer, segundo a especialista.
A vitamina D é um conjunto de hormônios que auxilia na saúde óssea e em várias funções do corpo, como imunidade, metabolismo e controle muscular. Sua produção depende da exposição solar adequada, que varia conforme a estação do ano e a localização geográfica.
Marise Lazaretti explica que o sol de verão é mais eficaz na produção da vitamina D devido ao ângulo da luz que chega à terra. No Brasil e em regiões próximas à linha do Equador, a produção ocorre mesmo em meses frios, diferente de países com latitudes extremas, onde a produção pode ser inexistente durante o inverno.