Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador-chefe do INSS, revelou nesta quinta-feira, 23, que ficou com medo de participar da CPMI sem ter habeas corpus garantido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. Essa proteção deu a ele o direito de permanecer em silêncio durante seu depoimento na comissão.
Ele explicou que o ambiente na comissão em outras sessões foi muito hostil e exagerado. Segundo ele, algumas pessoas já o tratavam como se estivesse condenado, apenas querendo fazer uma exposição pública humilhante.
O deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE) perguntou a Oliveira Filho se ele teve medo de vir sem o habeas corpus, pois essa garantia permitiu que ele não se comprometesse a dizer a verdade naquela ocasião.
Mesmo com a proteção do STF para não responder a todas as perguntas, Oliveira Filho respondeu algumas. No entanto, evitou explicar valores que sua esposa, a médica Thaísa Hoffmann, recebeu, já que suas empresas tiveram pagamentos de companhias ligadas a Antonio Carlos Camilo, conhecido como Careca do INSS, por serviços de consultoria.
Thaísa Hoffmann também prestou depoimento antes de Oliveira Filho, permanecendo em silêncio na maioria do tempo. Mas em um dos momentos em que falou, afirmou ter documentos que provam os serviços que prestou para as empresas do Careca.
Ela declarou ao relator da CPMI do INSS, Alfredo Gaspar (União-AL), que trabalhou muito para chegar aonde está, incluindo noites mal dormidas mesmo estando grávida, e que possui provas do trabalho realizado.
Oliveira Filho preferiu não detalhar os valores recebidos pelas empresas da esposa, mas disse que a defesa do casal enviará documentos para a Polícia Federal esclarecendo os pagamentos.
Durante as perguntas do deputado Fernando Rodolfo, o ex-procurador afirmou que considera injusta sua saída da Procuradoria-Geral do INSS, determinada por decisão judicial no dia da operação Sem Desconto, da Polícia Federal. Ele disse que, embora ache a decisão injusta, não cabe a ele julgar quem a tomou.
No começo da sessão, Virgílio Oliveira Filho destacou que não foi indicado por políticos e lembrou que ocupou cargos comissionados em gestões anteriores do PT, assim como nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Ele reforçou que todos os cargos que assumiu foram indicações técnicas, não políticas, declarando que é apartidário e sempre atuou conforme a Constituição, sem interferência política.
