Enrique Márquez foi detido sob a alegação de que ele teria planejado um “golpe de Estado”
O governo da Venezuela confirmou, na noite desta quarta-feira (8), a prisão do ex-candidato presidencial da oposição Enrique Márquez sob a alegação de que ele teria planejado um “golpe de Estado” para 10 de janeiro, data da posse presidencial. A confirmação da detenção ocorreu um dia após ONGs e partidos políticos denunciarem o caso.
O ministro do Interior e da Justiça, Diosdado Cabello, disse que Márquez, segundo um documento de 21 páginas supostamente encontrado em seu computador, havia proposto a realização de uma cerimônia de posse do líder da maior coalizão da oposição, Edmundo González Urrutia – que reivindica a vitória nas eleições de julho -, em uma embaixada venezuelana no exterior.
– Como esse senhor não pode vir aqui, ou não quer vir, cinco criminosos se reuniriam na sede de uma embaixada estrangeira – afirmou Cabello, que indicou que as sedes diplomáticas do país caribenho nos Estados Unidos e no Peru, com os quais Caracas não tem relações, foram assumidas pelos governos desses países.
Segundo o documento lido por Cabello durante a transmissão de seu programa semanal na emissora estatal VTV, a proposta consistia em empossar González Urrutia “perante uma assembleia de cidadãos venezuelanos” como presidente para o período 2025-2031, em “uma sede diplomática da República da Venezuela, como extensão irrevogável da soberania da república no exterior”.
– Quem estava à frente disso se chama Enrique Márquez, parte do golpe de Estado que querem dar na Venezuela. Aqui não há anjos, e muito menos na oposição, para quem os defende, ouviu, Petro? Defenda-o (…) Ele pode ser seu amigo, mas é um criminoso – declarou Cabello.
O ministro respondeu assim a uma mensagem publicada no X pelo presidente colombiano, Gustavo Petro, que condenou a prisão de Márquez, a quem se referiu como seu “amigo”, e defendeu “a liberdade de todas as pessoas detidas por motivos políticos” na Venezuela.
Por outro lado, Cabello relacionou Márquez com um funcionário do FBI que, segundo autoridades nacionais, foi preso na última terça (7) na Venezuela junto com outros seis estrangeiros, e a quem o regime de Nicolás Maduro tachou como “mercenários”, entre eles também um soldado americano, dois colombianos e três ucranianos.
A esposa de Márquez, Sonia Lugo, denunciou nesta quarta que seu marido foi detido por “grupos paramilitares” que, usando “a força como lei”, pretendem “silenciar e intimidar” aqueles que querem um “país melhor” e têm “uma visão de mundo diferente”.
Márquez, também ex-vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e ex-deputado, exigia reiteradamente a publicação das atas de votação de julho e rechaçou a decisão do Tribunal Supremo de Justiça que validou a polêmica reeleição de Maduro, proclamada pelo órgão eleitoral, que não publicou os resultados detalhados que comprovassem qualquer vitória.